Veículo: CORREIO BRAZILIENSE - DF
Data: 31/03/2015
Isaac RoitmanProfessor emérito da UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA e membro titular da Academia Brasileira de Ciências
Em uma das inúmeras conversas com meu neto de quatro anos, sempre envoltas por cumplicidade implícita, em que exercitamos a imaginação, as fantasias e os sonhos, ele disse que tinha visto estrela cadente e fez um pedido. Perguntei qual foi o desejo. Ele respondeu que aspirações devem ser mantidas em segredo. No entanto, contaria para mim, desde que eu não as revelasse para ninguém, o que estou agora descumprindo, justificado pelo decurso de prazo que criei e pela oportunidade de refletir sobre o surpreendente e encantado desejo, o de que a escola nunca acabe. Naquele mesmo dia, ele disse que tinha coisa muito boa e importante para contar. Demonstrei curiosidade e ele disse que a novidade era de que as férias tinham acabado.
Meu neto frequenta escola infantil em tempo integral. Os seus dois depoimentos levam-me à conclusão sobre a excelência da escola, dos dirigentes e dos professores. Provavelmente, meu neto teve acolhimento amoroso, que transformou a escola em mundo encantado e de surpreendentes descobertas. Possivelmente, a escola segue à risca o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil do Ministério da Educação, que preceitua o direito das crianças a brincar, como forma de expressão de pensamento, interação e comunicação infantil.
Na educação infantil, as brincadeiras são cláusulas pétreas que contribuem para o desenvolvimento das potencialidades para a relação interpessoal virtuosa e para o conhecimento mais amplo da realidade social e cultural. Elas representam forma surpreendente de aprendizagem, além de promoverem a integração entre as crianças. Infelizmente, os pequeninos, quando ingressam no ensino fundamental, perdem gradativamente o hábito de brincar, pressionados por obrigações e deveres. As brincadeiras de rua, frequentes há algumas décadas, quase não acontecem devido à urbanização desordenada e à violência.
É na primeira infância (até 6 anos) que se inicia a construção da personalidade. A escola, a família e a mídia se constituem pilares do processo. Na escola, é absolutamente fundamental a atuação de educadores e psicólogos com formação primorosa e atualização permanente. Os profissionais devem estar preparados para perceber a singularidade de cada criança em vez de considerar todas como iguais. A proposta educacional de uma boa escola deve ser dinâmica e fundamentada em teorias da psicologia e da neurociência do desenvolvimento infantil e em experiências pedagógicas de sucesso. O papel da família não é menos importante, como fonte de afeto e carinho e de proporcionar estímulos (motivar, estimular, elogiar) para contribuir com a autoestima da criança. Os avanços nas tecnologias de comunicação e informação fazem da televisão e da internet instrumento importante na formação dos pequeninos. Não podemos, por exemplo, menosprezar o papel da Dora, a aventureira, e do fiel companheiro, Botas, na aprendizagem por meio de desafios e na promoção de conceitos e valores.
Voltemos ao desejo de meu neto, que poderia também ser expresso de outra forma: desejo que a escola dure para sempre. O termo escola deriva do latim schola e do grego skholé, que significava lazer, descanso, folga ou ócio. Na Grécia, estudar era atividade apenas para privilegiados. A escola era local onde crianças e jovens se divertiam, quer dizer, estudavam. Portanto, a visão da escola de meu neto é coerente com a origem da palavra, que é de lugar prazeroso. A escola acolhedora tem a missão de desenvolver as potencialidades das crianças, promover habilidades para se comunicar, compreender o mundo, promover e consolidar valores e virtudes da cidadania: solidariedade, bondade, ética e respeito à diversidade.
É preciso entender que o processo de aprendizagem é permanente e que se estende por toda a vida. No diálogo entre avós e netos, ambos apreendem, o que prova a veracidade da expressão do filósofo romano Seneca: "Ensinando, aprende-se". A experiência de vida e a maturidade dos avós podem afetar positivamente os netos. Por sua vez, os netos podem inspirar reflexões e pensamentos, como, por exemplo, de como fazer para que todas as escolas do país sejam encantadas, como a do meu neto. Elas serão o ambiente ideal para a aprendizagem, disponíveis para todas as crianças brasileiras, contribuindo para termos um país melhor.
Em uma das inúmeras conversas com meu neto de quatro anos, sempre envoltas por cumplicidade implícita, em que exercitamos a imaginação, as fantasias e os sonhos, ele disse que tinha visto estrela cadente e fez um pedido. Perguntei qual foi o desejo. Ele respondeu que aspirações devem ser mantidas em segredo. No entanto, contaria para mim, desde que eu não as revelasse para ninguém, o que estou agora descumprindo, justificado pelo decurso de prazo que criei e pela oportunidade de refletir sobre o surpreendente e encantado desejo, o de que a escola nunca acabe. Naquele mesmo dia, ele disse que tinha coisa muito boa e importante para contar. Demonstrei curiosidade e ele disse que a novidade era de que as férias tinham acabado.
Meu neto frequenta escola infantil em tempo integral. Os seus dois depoimentos levam-me à conclusão sobre a excelência da escola, dos dirigentes e dos professores. Provavelmente, meu neto teve acolhimento amoroso, que transformou a escola em mundo encantado e de surpreendentes descobertas. Possivelmente, a escola segue à risca o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil do Ministério da Educação, que preceitua o direito das crianças a brincar, como forma de expressão de pensamento, interação e comunicação infantil.
Na educação infantil, as brincadeiras são cláusulas pétreas que contribuem para o desenvolvimento das potencialidades para a relação interpessoal virtuosa e para o conhecimento mais amplo da realidade social e cultural. Elas representam forma surpreendente de aprendizagem, além de promoverem a integração entre as crianças. Infelizmente, os pequeninos, quando ingressam no ensino fundamental, perdem gradativamente o hábito de brincar, pressionados por obrigações e deveres. As brincadeiras de rua, frequentes há algumas décadas, quase não acontecem devido à urbanização desordenada e à violência.
É na primeira infância (até 6 anos) que se inicia a construção da personalidade. A escola, a família e a mídia se constituem pilares do processo. Na escola, é absolutamente fundamental a atuação de educadores e psicólogos com formação primorosa e atualização permanente. Os profissionais devem estar preparados para perceber a singularidade de cada criança em vez de considerar todas como iguais. A proposta educacional de uma boa escola deve ser dinâmica e fundamentada em teorias da psicologia e da neurociência do desenvolvimento infantil e em experiências pedagógicas de sucesso. O papel da família não é menos importante, como fonte de afeto e carinho e de proporcionar estímulos (motivar, estimular, elogiar) para contribuir com a autoestima da criança. Os avanços nas tecnologias de comunicação e informação fazem da televisão e da internet instrumento importante na formação dos pequeninos. Não podemos, por exemplo, menosprezar o papel da Dora, a aventureira, e do fiel companheiro, Botas, na aprendizagem por meio de desafios e na promoção de conceitos e valores.
Voltemos ao desejo de meu neto, que poderia também ser expresso de outra forma: desejo que a escola dure para sempre. O termo escola deriva do latim schola e do grego skholé, que significava lazer, descanso, folga ou ócio. Na Grécia, estudar era atividade apenas para privilegiados. A escola era local onde crianças e jovens se divertiam, quer dizer, estudavam. Portanto, a visão da escola de meu neto é coerente com a origem da palavra, que é de lugar prazeroso. A escola acolhedora tem a missão de desenvolver as potencialidades das crianças, promover habilidades para se comunicar, compreender o mundo, promover e consolidar valores e virtudes da cidadania: solidariedade, bondade, ética e respeito à diversidade.
É preciso entender que o processo de aprendizagem é permanente e que se estende por toda a vida. No diálogo entre avós e netos, ambos apreendem, o que prova a veracidade da expressão do filósofo romano Seneca: "Ensinando, aprende-se". A experiência de vida e a maturidade dos avós podem afetar positivamente os netos. Por sua vez, os netos podem inspirar reflexões e pensamentos, como, por exemplo, de como fazer para que todas as escolas do país sejam encantadas, como a do meu neto. Elas serão o ambiente ideal para a aprendizagem, disponíveis para todas as crianças brasileiras, contribuindo para termos um país melhor.
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