RIO - Meninas estudam mais horas por semana do que meninos, investem maior parte de suas horas livres em leitura e, hoje, passam mais tempo na escola. Já os garotos empregam com mais facilidade as fórmulas de matemática na realidade e demonstram doses maiores de autoconfiança, mas, ao mesmo tempo, têm uma relação mais displiscente com a escola.
Tudo isso são conclusões de um levantamento feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, na sigla em inglês) de 2012. Segundo a pesquisa, no final das contas, meninas têm desempenho melhor. De acordo com os resultados nas provas do programa, 14% dos garotos não atingem o nível básico de aprendizado. Já entre as meninas, o número cai para 9%. No Brasil, o percentual de meninos com baixa pontuação nos testes é de mais de 45%, enquanto o de meninas é menor que 40%.
O Pisa é a maior avaliação internacional de estudantes. Acontece a cada dois anos e envolve 65 países, cujos alunos de 15 anos fazem exames que testam suas habilidades em Leitura, Matemática e Ciências. Na edição de 2012, o Brasil ficou em 58º lugar no ranking geral de países analisados.
Nesta quinta-feira, a OCDE divulgou um estudo de gênero dos resultados do Pisa. A análise levou em conta as notas dos estudantes, mas também os questionários de informações pessoais respondidos durante o programa. A leitura desses dados permite conhecer entender melhor o rendimento escolar de meninos e meninas.
A pesquisa mostra que as famílias, mesmo tendo um garoto e uma garota com o mesmo nível de conhecimento matemático, incentivam mais os meninos a seguir uma carreira de engenharia, por exemplo. Os números de ingresso nas faculdades confirmam: 14% das mulheres escolhem uma carreira relacionada a exatas contra 39% dos homens. Isto gera, ainda segundo o levantamento, em uma falta de confiança das meninas com a matéria. Esta ansiedade com a disciplina é tão grande que equivale a uma diferença no desempenho de 34 pontos no Pisa entre os gêneros, o equivalente a um ano escolar.
De acordo com os dados divulgados nesta quinta, enquanto as meninas conseguem resolver mais facilmente a chamada “matemática pura”, que seriam os cálculos e equações já destrinchados, os garotos desenvolvem com mais facilidade a habilidade de empregar a fórmula na realidade.
O levantamento também deixa claro que elas tratam a escola com mais seriedade. Enquanto meninas estudam cerca de cinco horas e meia por semana, os meninos utilizam apenas quatro horas e meia. Em escala histórica, a presença feminina nos bancos escolares é cada vez maior. Desde o início do século passado, o tempo de estudo das garotas pulou de cinco anos para 13. Já entre os meninos, a evolução foi menor: de seis para doze.
O motivo para o lento crescimento masculino pode estar no próprio comportamento dos garotos. Eles são 8% mais propensos a dizer que a escola é um desperdício de tempo, são os que abandonam o banco escolar mais cedo e utilizam o tempo livre que possuem para atividades que não complementam o aprendizado. Enquanto as garotas leem, principalmente, livros de ficção, e adquirem maiores habilidades de compreensão textual, os garotos gastam mais tempo com video-games e navegando pela internet.
O comportamento displicente no colégio acarreta problemas no futuro. No tempo que as mulheres são as que mais adquirem habilidades durante a trajetória escolar, os garotos acabam somente conquistando as mesmas competências algumas décadas depois. Ainda assim, eles se colocam como mais preparados para uma entrevista de emprego, por exemplo. Cerca de 43% das garotas afirmaram que não possuem habilidades suficientes para este momento contra 37% dos garotos.
A pesquisa é realizada através dos dados obtidos pelos questionários de participantes do PISA e por sua nota no exame. Os alunos possuem, em média, 15 anos de idade e são oriundos dos países que participam da avaliação.
BRASIL É A TERCEIRA MAIOR DIFERENÇA A FAVOR DOS MENINOS
A diferença entre meninos e meninas se torna maior em solo nacional quando comparada com a média mundial. O Brasil é a terceira maior diferença entre os gêneros no PISA a favor dos meninos: são 22 pontos de vantagem deles. O país só está a frente de Xangai-China, com 25 pontos, e da Colômbia, que lidera com 31 pontos de desigualdade. Na média brasileira, a nota dos meninos foi de 440 contra 418 das meninas. Do outro lado da ponta, os Emirados Árabes possui a maior diferença a favor das meninas: 26 pontos.
No ranking geral, o Brasil ficou em 38° lugar, com 428 pontos, em um total de 44 países. Somente 2% dos alunos brasileiros conseguiram resolver problemas de matemática mais complexos. A média estrangeira é de 11%. O exame também demonstrou a diferença entre as regiões do Brasil. Os alunos do Sudeste tiveram o melhor desempenho com 447 pontos, seguido por Centro-Oeste (441), Sul (435), Nordeste (393) e Norte (383).
Outros indicadores nacionais indicam o motivo deste resultado. Os alunos brasileiros passam menos tempo fazendo dever de casa. Os garotos reservam três horas semanais para a prática, já as meninas, três horas e meia. No ranking de repetência, que mostra a porcentagem de alunos que já repetiu pelo menos uma vez, o Brasil é o quarto pior. De acordo com a pesquisa, 32% das meninas já repetiram enquanto 43% dos meninos tiveram que refazer o ano.
RIO - A tradicional disputa de meninos contra meninas ganha mais uma rodada mas, desta vez, sem vencedores declarados. Levantamento feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), através de dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, na sigla em inglês), mostra que a diferença entre os gêneros no ambiente escolar não está ligada a disparidades inatas, mas sim, em atitudes e comportamentos na escola, na forma como se utiliza o tempo livro e na (falta) de confiança dos estudantes. Os meninos começam perdendo nessa competição. Nas provas de Leitura, Matemática e Ciências realizadas pelos PISA, 14% dos garotos não atingiram o nível básico. Já entre as meninas, esse número cai para 9%.
Entretanto, é na análise dessas disparidades que é perceptível onde as diferenças acontecem. A matemática é a disciplina que mais ajuda a entender esse processo. Enquanto as meninas conseguem resolver a chamada “matemática pura”, que seriam os cálculos e equações já destrinchados, os garotos desenvolvem com mais facilidade a habilidade de pensar como um cientista e ver como empregar a fórmula na realidade. Essa percepção sobre a matéria pode ter origem na própria criação das crianças.
A pesquisa mostra que os pais, mesmo tendo um garoto e uma garota com o mesmo nível de conhecimento matemático, incentivam mais os meninos a seguirem uma carreira de engenharia, por exemplo, do que as meninas. Os números de ingresso nas faculdades confirmam: 14% das mulheres escolhem uma carreira relacionada a exatas contra 39% dos homens. Isto gera, ainda segundo o levantamento, em uma falta de confiança das meninas com a matéria. Esta ansiedade com a disciplina é tão grande que equivale a um declínio no desempenho de 34 pontos no PISA entre os gêneros, o equivalente a um ano escolar.
Porém, é com disciplina e a rigidez que as garotas se destacam em sala de aula apesar do nervosismo com números. Enquanto meninas estudam cerca de cinco horas e meia por semana, os meninos utilizam apenas quatro horas e meia. Em escala histórica, a presença feminina nos bancos escolares é cada vez mais maior. Desde o início do século passado, o tempo de estudo das garotas pulou de cinco anos para treze. Já entre os meninos, a evolução foi menor: de seis para doze.
O motivo para o lento crescimento masculino pode estar no próprio comportamento dos garotos. Eles são 8% mais propensos a dizer que a escola é um desperdício de tempo, são os que abandonam o banco escolar mais cedo e utilizam o tempo livre que possuem para atividades que não complementam o aprendizado. Enquanto as garotas leem, principalmente livros de ficção, e adquirem maiores habilidades de compreensão textual, os garotos gastam mais tempo com video-games e navegando pela internet.
O comportamento displicente no colégio acarreta problemas no futuro. No tempo que as mulheres são as que mais adquirem habilidades durante a trajetória escolar, os garotos acabam somente conquistando as mesmas competências algumas décadas depois. Ainda assim, eles se colocam como mais preparados para uma entrevista de emprego, por exemplo. Cerca de 43% das garotas afirmaram que não possuem habilidades suficientes para este momento contra 37% dos garotos.
A pesquisa é realizada através dos dados obtidos pelos questionários de participantes do PISA e por sua nota no exame. Os alunos possuem, em média, 15 anos de idade e são oriundos dos países que participam da avaliação.
BRASIL É A TERCEIRA MAIOR DIFERENÇA A FAVOR DOS MENINOS
A diferença entre meninos e meninas se torna maior em solo nacional quando comparada com a média mundial. O Brasil é a terceira maior diferença entre os gêneros no PISA a favor dos meninos: são 22 pontos de vantagem deles. O país só está a frente de Xangai-China, com 25 pontos, e da Colômbia, que lidera com 31 pontos de desigualdade. Na média brasileira, a nota dos meninos foi de 440 contra 418 das meninas. Do outro lado da ponta, os Emirados Árabes possui a maior diferença a favor das meninas: 26 pontos.
No ranking geral, o Brasil ficou em 38° lugar, com 428 pontos, em um total de 44 países. Somente 2% dos alunos brasileiros conseguiram resolver problemas de matemática mais complexos. A média estrangeira é de 11%. O exame também demonstrou a diferença entre as regiões do Brasil. Os alunos do Sudeste tiveram o melhor desempenho com 447 pontos, seguido por Centro-Oeste (441), Sul (435), Nordeste (393) e Norte (383).
Outros indicadores nacionais indicam o motivo deste resultado. Os alunos brasileiros passam menos tempo fazendo dever de casa. Os garotos reservam três horas semanais para a prática, já as meninas, três horas e meia. No ranking de repetência, que mostra a porcentagem de alunos que já repetiu pelo menos uma vez, o Brasil é o quarto pior. De acordo com a pesquisa, 32% das meninas já repetiram enquanto 43% dos meninos tiveram que refazer o ano.
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