23 de março de 2015

CCT deve ajudar o Brasil a abrir as portas para o mundo do conhecimento e da inovação’


Senador garantiu que colocará na pauta de votação os projetos de incentivo ao desenvolvimento de novas fontes de energia
À frente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) diz que nos próximos dois anos os 17 senadores do colegiado deverão ajudar o Brasil a abrir as portas para o mundo do conhecimento, ciência, tecnologia, inovação e competitividade.
Embora ainda ache cedo para definir com precisão quais os temas prioritários da CCT em 2015 e 2016, previu que os eixos de discussão e de votação serão definidos nas próximas conversas com os colegas. Contudo, numa entrevista para jornalistas da Secretaria de Comunicação do Senado (Secom), o senador antecipou temas importantes, entre eles nanotecnologia, biotecnologia, ciência do conhecimento, ciência e tecnologia para educação. Também garantiu que colocará na pauta de votação os projetos de incentivo ao desenvolvimento de novas fontes de energia, como o que prevê a produção de células e painéis fotovoltaicos – que transformam a energia do sol em energia elétrica.
Cristovam explicou que, além do trabalho burocrático de renovar as licenças de rádio e TV – atribuição terminativa da comissão – os senadores da CCT terão por meta a disseminação de ciência e tecnologia para as escolas, desde a educação básica até os centros universitários de excelência em pesquisa.
— É preciso construir um sistema nacional do conhecimento e da informação, agregando educação de base, ensino superior, escolas técnicas e as empresas. Depois, criar uma consciência brasileira de interesse pela ciência. As pessoas não sabem, não conhecem, não dão valor a seus cientistas. São capazes de citar vários jogadores de futebol , mas nenhum cientista brasileiro — lamentou.

Pesquisa de ponta

Cristovam apontou a necessidade de selecionar os setores de ponta da ciência nos quais o Brasil precisa investir e advertiu  que algumas políticas públicas precisam ser repensadas com urgência. Criticou, em parte, o programa Ciência sem Fronteiras, cuja meta é enviar, até o final deste ano, 101 mil universitários para o exterior por um período pequeno durante o bacharelado. Para Cristovam, o dinheiro estaria mais bem empregado se o Estado, em vez de mandar cada aluno a um custo alto, pagasse a vinda de pesquisadores e professores universitários que possam dar aula para milhares alunos nas universidades por mais tempo.
— A Universidade de São Paulo (USP) foi formada dessa maneira – exemplificou. E citou como exemplos centros de excelência que deveriam ser multiplicados, como Inpa, Fiocruz e Embrapa, além das diversas fundações de amparo à ciência.
Nessa mesma análise, contou que hoje os centros de pesquisa em universidades passam por duas grandes questões: uma é a velha falta de dinheiro para as pesquisas. A outra, é a inconstância dos recursos. Na visão dele, a oscilação nesse caso é pior que a falta de dinheiro.
Ele também fez um paralelo sobre a relação da universidade com o setor produtivo e lamentou ser ainda incipiente.
— Nosso ensino de pedagogia é voltado para dentro das universidades, não para formar professores para a sala de aula. Os universitários estão mais preocupados com pesquisas que sejam reconhecidas pela Capes pensando em bolsas de estudo do com o desenvolvimento de métodos práticos e inovadores de ensino. E, com isso, temos a mesma dinâmica de sala de aula existente no século 19.
Para ele, o método de ensino, a organização física das salas de aula, tudo precisa ser repensado porque as escolas brasileiras estariam andando de carruagem. Os professores, segundo Cristovam, não precisam de quadro-negro porque devem ser uma antena a captar informações.

Competitividade

O senador também acha importante impulsionar a competitividade no ramo de inovação e criatividade. Ele sustentou que já não importa onde um item é produzido em massa, mas onde a tecnologia de criação daquele item está.
— Não é competitividade para produzir mais e mais barato. Pouco importa se alguma coisa foi produzida no Brasil. O importante é coisas novas serem pensadas e criadas no país.
Atualmente o Brasil deixa de ser competitivo por falhas de produção e de logística, sustentou o senador. Além disso, disse que uma parte grande dos empresários prefere pagar royalties e comprar ideias grandes a investir na tecnologia para inventar. Exemplos disso seriam os segmentos de laboratórios farmacêuticos e das montadoras de carros.
— É mais fácil comprar a fórmula do remédio pronta do que gastar tempo e dinheiro inventando remédios. Os empresários brasileiros, em geral, só gostam de produzir, mas não gostam de inventar. Compram robôs que produzem, mas não investem em invenção desses robôs, por exemplo.
Desde que Cristovam foi eleito presidente, em 3 de março, a CCT já teve uma reunião de votações e duas audiências públicas sobre patrimônio genético e biodiversidade em conjunto com a Comissão de Meio Ambiente (CMA).
(Agência Senado)

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