27 de maio de 2017

EDUCAÇÃO CONTINUADA para PROFESSORES


Escolas investem na atualização de professores para melhorar conexão com os alunos

NÁDIA PONTES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma vez por semana, uma roda de conversa reúne os alunos do Bandeirantes, colégio de elite da zona sul de São Paulo, em torno de assuntos que “não caem nas provas”. Mesmo assim, atrai todo mundo para participar da discussão.
Educação ambiental, prevenção às drogas, valores e desenvolvimento moral guiam o bate-papo, que segue uma metodologia.
“Há um grupo de professores que prepara a aula, os temas e passa por um processo constante de formação”, fala Maria Estela Zanini sobre o programa Convivência em Processo de Grupo.
Bióloga de formação, Maria Estela coordena a equipe, dá aulas e pesquisa a relação de professores no mestrado que faz na PUC, em São Paulo. A escola arca com os custos da pós-graduação e diminuiu a carga horária da professora, sem que houvesse redução no salário.
“É preciso investir no professor para que ele consiga trabalhar dentro dessa nova relação de diálogo com o aluno”, afirma Mauro de Salles Aguiar, diretor do Bandeirantes, que apoia financeiramente docentes que optam por mestrado ou doutorado no exterior.
Para lidar com o perfil do aluno que tem acesso ilimitado a informações, o colégio Santa Maria, também na zona sul paulistana, com 133 professores, mantém reuniões pedagógicas semanais.
“O ponto focal é sempre a relação dos alunos com o conhecimento. Discutimos sobre como melhorar a qualidade dessa relação. Temos uma base teórica e propostas de prática”, afirma a diretora Maria Cristina.
CONTEÚDO
Em busca de evidências do que funciona em formação continuada de professores, Gabriela Miranda Moriconi, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, encontrou cinco pontos-chave.
Programas que trabalham conhecimento pedagógico do conteúdo (quando o professor compreende como a disciplina é organizada), com métodos ativos de aprendizagem -de duração prolongada e coerentes– surtem impactos mais positivos, segundo a revisão de literatura.
O relatório da fundação, em fase final de edição, aponta que professores aprendem ativamente quando analisam o perfil e o contexto dos alunos a partir de estudos de caso, planejam uma sequência didática e vivenciam as atividades que devem ser desenvolvidas com os alunos.
“Métodos ativos de aprendizagem são mais difíceis de encontrar no Brasil”, analisa Moriconi. “Nosso estudo mostrou também que não adianta muito oferecer um workshop de um dia pressupondo que os professores irão aplicar o que aprenderam na sala de aula depois”, fala a pesquisadora da Fundação Carlos Chagas a respeito da importância da duração prolongada dos cursos.
Inaugurado em 1980 juntamente com a escola, o Centro de Formação da Escola da Vila é procurado por quem busca articular teoria e prática. “Isso gera um resultado muito positivo, pois as mudanças em sala de aula são rápidas e consistentes”, afirma Sonia Barreira, diretora pedagógica.
Segundo a visão de Sonia, a experiência nos cursos de formação ajuda os professores a encontrar novos sentidos para a vida profissional.
“Eles passam a acreditar mais na capacidade de aprender dos seus alunos e começam a ver mais significado no estudo das ciências que aportam conhecimento para a educação”, opina.

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