Professores estudam para ajudar alunos a alcançar o futuro
Em salas de aula há 15 anos, Saionara de Fátima Ramos diz nunca ter visto seus alunos tão integrados. “Estão mais soltos, os que têm mais facilidade ajudam os colegas a aprender, se comunicam melhor e apresentam ótimos seminários”, afirma ela, que é professora de língua portuguesa da escola estadual Mater Dolorum, em Joaçaba (SC).
A mudança dos alunos, diz Saionara, acontece gradualmente, à medida que ela avança no seu curso de formação oferecido pela secretaria estadual em parceria com Instituto Ayrton Senna.
O programa começou em 2016 em 15 escolas da rede pública catarinense. Batizado Educação Integral em Tempo Integral, foca nas tais “competências socioemocionais”: colaboração, responsabilidade, abertura para o novo.
“Oferecemos um itinerário para que professores ajudem o aluno a atingir competências do século 21, que são colaborar, resolver problemas, ter pensamento crítico, ser criativo”, diz Simone André, gerente de educação do Instituto Ayrton Senna.
Num misto de curso a distância e presencial, professores experimentam na formação o que devem aplicar com alunos. “Trabalhamos em grupo, aprendemos a conviver com diferenças, recebemos incentivo para trocar experiências”, diz Saionara.
Quem também põe foco na formação continuada a distância é o projeto Escolas Conectadas, da Fundação Telefônica Vivo, que já tem 50.000 educadores inscritos. Neste ano, sua missão é fortalecer a cultura de inovação nas escolas públicas brasileiras.
É uma plataforma com cursos abertos para qualquer educador, com carga horária definida. A partir de 30 horas cursadas, há certificação da UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul).
Na cidade de Miranda do Norte (MA), a aposta é acompanhar de perto coordenadores e diretores das 27 escolas municipais. A mobilização começou após a divulgação das notas do Ideb em 2009 -muito abaixo da meta.
“Depois, houve melhora por dois anos seguidos”, diz Renato Moreira, coordenador de formações na rede municipal.
Nos anos iniciais, saíram de 3,5 para 4,8. Nos finais, de 3,2 para 4,0. “Mas ainda temos muito trabalho”, diz.
O programa atual de Miranda de Norte aborda o papel dos coordenadores na formação dos professores e a organização do Conselho Escolar. Todos saem do curso com plano de ação para aplicar na escola -com prazo definido.
Investimento sistemático em professor é raro no sistema público nacional, avalia Maria Tereza Perez Soares, diretora da Comunidade Executiva Cedac, organização sem fins lucrativos que atua na formação de docentes. “E a formação ainda é precária”.
A Universidade Aberta do Brasil, política pública criada para expandir o ensino superior, dá programas a distância de apoio à formação do professor. Mas muitos ficam pelo caminho: nos últimos dez anos, dos 118 mil matriculados, apenas 45.300 concluíram cursos de especialização: uma desistência de quase 60%.
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