26 de fevereiro de 2010

9. A universidade do futuro

No Curso de Formação Docente da UnB, Isaac Roitman convocou jovens mestres para comandar a revolução que o Brasil precisa

A universidade do século XXI precisa interagir com crianças, adolescentes, professores do ensino médio e educadores infantis. A academia do futuro deve privilegiar uma formação humanística e abrangente. Nela, o aluno é sujeito, cria sua formação e sabe resolver problemas. Essa é a batalha cotidiana do pesquisador Isaac Roitman apresentada na manhã desta quarta-feira (24/2) no Curso de Formação de Professores da UnB.

Isaac, 71 anos, biólogo, encantou a plateia e convocou os jovens professores para "comandar a revolução que o Brasil demanda" a qual deve começar pela UnB. Para isso, o cenário do campus precisa mudar, apostou o palestrante. Ele sonha com um imenso e moderno laboratório pedagógico.

"O estudante sente um sabor de vitória ao ser selecionado para ingressar, principalmente em uma universidade pública", descreve. No entanto, a realidade é diferente. No lugar de uma mudança, o aluno encontra uma repetição dos vícios de ensino aos quais foi submetido em sua formação básica. "Um grande número de aulas em que, na prática, somente o professor fala sobre assuntos que cobrará na prova", explica o professor.

"Essa universidade foi criada por Darcy Ribeiro para gerar mudança. Essa mudança foi interrompida e devemos retomá-la", convoca o professor, presidente do conselho editorial da Revista Darcy, diretor da Secretaria de Políticas, Programas e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, conselheiro da SBPC e membro da Academia Brasileira de Ciências.

Para ele, uma prioridade da universidade é a formação dos futuros mestres do ensino básico. "A presença física de estudantes e de professores universitários deveria ser constante no ambiente escolar do ensino básico, por meio de palestras, discussões etc.", afirma.

O professor Alberto Muniz, da Faculdade de Educação, já segue essa cartilha. Na disciplina Matemática 1, os alunos desenvolvem jogos matemáticos, que, posteriormente, são testados por crianças em escolas públicas do Distrito Federal. Ao final da palestra, Isaac relembrou as palavras de Anísio Teixeira: "Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é assim, vida no sentido mais autêntico da palavra".

O curso de formação também apresentou uma pesquisa da professora Edileuza Fernandes da Silva, "Docência Universitária - a aula em questão". Com base em entrevistas com universitários, ela mapeou as características de uma aula inovadora: pesquisa articulada com ensino, criatividade, autonomia, interdisciplinaridade, boa relação professor-aluno e uso de novas tecnologias. "O aluno considera vital o eixo teoria e prática em uma aula", diz a pesquisadora.

(Marcus Vinicius França Lacerda, UnB Agência, 24/2)

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