16 de fevereiro de 2010

Enredo da Portela leva tecnologia para o sambódromo do Rio
Folha OnLine/SP
Terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A Portela mostra neste Carnaval que a internet é uma ferramenta para inclusão social. Com o enredo "Derrubando Fronteiras, Conquistando Liberdade... Rio de Paz em Estado de Graça", a azul e branca da cantora que marcou a história da música brasileira, Clara Nunes, promete levar muita tecnologia e efeitos especiais para a Marquês de Sapucaí para alcançar sua 23ª vitória. O desfile começou por volta da 0h05.
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"A gente faz o desfile da escola convidando as pessoas através da comissão de frente a conhecerem o mundo virtual desconhecido. Vamos ter várias surpresas com efeitos especiais, além de oito telões no decorrer do desfile", afirmou o carnavalesco da escola Alex de Oliveira, que trabalha em parceria com o artista Amauri Santos.
Danilo Verpa/Folha Imagem
Juliana Portela, rainha de bateria da Portela, apresenta os ritmistas no sambódromo do Rio; escola de samba fala da tecnologia
Em jejum de 30 anos sem vitória, a Portela foi a única escola do Rio a receber sete títulos seguidos. Em busca do novo título, os carnavalescos demostram estar antenados na atualidade em prol do meio ambiente e apresentam alternativas sustentáveis no desfile.
"No figurino a gente bate muito nessa questão de sustentabilidade. Quase não temos plumas na escola e a gente traz muito material alternativo como piaçava de vassoura, conduíte (tubo de metal ou plástico por onde passam os fios elétricos e de telefone) de obra, peças de microchip de processador de computador e PET, que é o plástico, polímero reciclado. A gente também justifica aos jurados que a tecnologia requer esse cuidado", afirma Alex de Oliveira.
A agremiação é a terceira do Grupo Especial a entrar na Sapucaí no segundo dia de desfiles. Ela se apresenta às 23h10 de segunda-feira (15).
Enredo
A tecnologia sem fronteiras será retratada em 35 alas, divididas em sete alegorias e um total de aproximadamente 4.200 componentes.
Depois de mais de uma década defendendo pavilhões como Mocidade e Unidos da Tijuca, Lucinha Nobre e Rogério Dornelles formam o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Portela, que representam a luz da ciência, à frente da escola.
"A roupa deles será toda de PET, tanto a dele quanto a dela. Estamos acompanhando as criações favoráveis ao meio ambiente", afirmou o carnavalesco.
Alex de Oliveira disse em detalhes como será a divisão dos setores na Sapucaí. Ensaiada pelo coreógrafo Henrique Talmah, a comissão de frente convida o público a conhecer o mundo virtual desconhecido.
"A gente vai utilizar de um tripé que é um browser. Vai ser bem tecnológico. No início do desfile, a gente faz o sinal via satélite, mostra conexão e insere as pessoas no mundo virtual", garante o artista.
De acordo com o carnavalesco, o carro abre-alas, que será acoplado, é o Rio de Janeiro, portal digital. Será apresentada uma cidade futurista com um design diferenciado e internet livre e gratuita para toda a população.
"É como se fosse 2020, um Rio de Janeiro tecnológico. Em termos de planta, a gente está fazendo a estrutura do carro em cima do mapa geográfico do Estado, em vista aérea, e a gente traz ainda a orla carioca. As pessoas ficam sintonizadas ao utilizar smartphones, iPods e toda tecnologia da informação", disse o artista.
Ainda no início do desfile, a agremiação traz a águia, símbolo da escola, como backbone (espinha dorsal / infraestrutura de rede) da apresentação. "A gente vai fazer isso com um recurso de iluminação. Esse sinal digital será a transmissão para os outros carros", disse Oliveira.
O carnavalesco acrescentou que a escola não terá uma águia virtual por conta da iluminação da avenida que é muito forte. "A gente até tentou colocar um programa no carro, mas tudo se apaga. Uma pena, mas aí a gente tem outro tipo de recurso que são os movimentos, coisas que vão ficar muito bacana e fazer a águia se transformar ao longo do desfile", disse.
No segundo setor, os excluídos são convidados a acessar esse universo tecnológico para que possam ser, então, transformados. Já o terceiro setor traz a educação à distância com os integrantes da velha guarda que representam os "mestres da sabedoria", além de todos os seguimentos tradicionais da escola.
"A gente mostra que mesmo com a inovação e a modernidade tem que preservar as nossas tradições e a nossa raiz. A velha guarda vem utilizando a internet na avenida para mostrar que é só perder o medo e saber usufruir o melhor da máquina. Teremos 20 pessoas da velha guarda no primeiro setor e outras cem no terceiro", disse o carnavalesco.
O artista promete apresentar uma tecnologia de comunicação em que o público poderá participar do desfile. "Isso é surpresa, mas as pessoas vão poder interagir com a escola", disse.
O quarto setor representa os benefícios das telecomunicações. Em seguida, a escola traz a bateria que vem de bits e bytes (código binário do computador) e as passistas vem de roteadores. "A gente tem um reforço de efeito especial pra ver se o negócio dá certo, mas é surpresa", disse.
A rainha da escola, Juliana Portela, vem de fibra-ótica. "É um figurino futurista", afirma o artista.
O quarto carro é a fibra ótica. "Em determinada parte do carro, a gente vai ter os tubos transparentes em acrílico por onde passam os fios. As pessoas vão estar inseridas dentro desse duto levando a luz para o público perceber como é a finalidade de uma fibra ótica", disse.
A agremiação mostra também uma ala com 80 "transformers". As pessoas vão representar robôs com a manipulação de movimentos.
No quinto setor, a azul e branca vais mostrar os avanços e recursos que chegam com a medicina tecnológica. O que abre esse setor é a nanotecnologia com fantasias de nanotubo.
"A gente traz exames que utilizam a internet para diagnósticos online. Também mostramos o implante de prótese, a tomografia computadorizada e a robótica", disse Alex de Oliveira.
Depois, a azul e branca apresenta a ala dos compositores que vem de médicos e enfermeiras. No quinto carro, será retratado um centro cirúrgico com a representação do robô-cirurgião Da Vinci. "É um robô que faz exames em 3D de grávidas e mostra toda essa questão com o médico à distância. Nos grandes hospitais de rede em São Paulo tem pelo menos três que já utilizam o Da Vinci. Ele é como se fosse um polvo, que utiliza equipamentos e um laser para a realização do exame. O médico fica à distância manipulando esse robô", disse o artista. Segundo ele, 12 grávidas desfilarão nesse carro.
No sexto setor, mostra-se, na prática, a inclusão social como condição para a transformação. Nesse trecho ligado à acessibilidade e aos direitos humanos, desfila um grupo de cadeirantes, pessoas com síndrome de Down, anões, pessoas de comunidade, do AfroReggae e da Cufa (Central Única das Favelas). "Aí, a gente traz as questões dos fóruns, dos chats, dos blogs, dos sites e todas as pessoas que utilizam isso diretamente", disse Oliveira.
O sétimo e último setor faz referencia ao mundo dos games e pede paz ao Rio como última etapa da transformação do ser humano. As fantasias desse setor representam teclas de atalho e as pessoas fazem um jogo virtual.
"A gente vai ter um combate na alegoria entre criminosos e policiais representando a questão da Polícia Pacificadora no Rio. Por isso, a gente traz em destaque a capitão Priscila de Oliveira (da Unidade de Polícia Pacificadora do morro Dona Marta em Botafogo) e outros 10 policiais militares. A gente fez a roupa deles toda estilizada em cima do uniforme oficial", afirmou o carnavalesco.
Arte Folha Online



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