Professor emérito da UNB e membro titular da Academia Brasileira de Ciências
O Movimento Pedagogia das Virtudes, que reúne entidades da sociedade civil e do governo, tem como objetivo a difusão e a promoção de valores éticos universais e da virtude nos seres humanos. Ele tem promovido seminários que visem abrir caminhos para a promoção de valores e virtudes como solidariedade, ética, compreensão, bondade, liberdade e caridade. O 11º seminário foi realizado na UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA e que teve como tema "O papel da universidade na promoção de virtudes". O seminário foi coordenado pelo presidente da União Planetária, Ulisses Riedel, e os palestrantes foram Ivan Camargo, reitor da UNB, e os professores Gilberto Lacerda Santos e Isaac Roitman.
Foi destacada a necessidade de a universidade adaptar-se à atual configuração da sociedade. Atualmente, segundo Boaventura de Sousa Santos, a universidade passa por uma crise motivada principalmente por três dimensões: a hegemonia, a legitimidade e a cidadania. Quanto à hegemonia, ela perdeu a exclusividade em relação à produção do saber. Com respeito à legitimidade, é insuficiente na produção do conhecimento socialmente pertinente. No que diz respeito à cidadania, não tem cumprido a missão de formar cidadãos participativos e que desempenhem um protagonismo que resulte na melhoria da convivência humana. Para superar a crise, a universidade não pode se isolar da sociedade e deverá, além de cumprir sua missão de formação profissional, promover saberes e valores em uma perspectiva cidadã e participativa.
Na discussão da precariedade do sistema educacional brasileiro, foi enfatizada a falta de promoção de valores e virtudes na educação de crianças e jovens. Pela análise das 20 metas do Plano Nacional de Educação, foi constatada a ausência de ações para a formação ética e cidadã. Sem essa dimensão, certamente será mantido o quadro de desigualdade social acompanhada de outras mazelas brasileiras. Para que essa realidade possa ser superada, a universidade deverá formar um novo professor que, além de ser um estimulador e mediador na aquisição e utilização de conhecimentos, possa contribuir com a formação cidadã, promovendo o desenvolvimento de valores e virtudes nos educandos.
O papel do professor é o de um jardineiro; e o das escolas, de sementeiras de cidadãos virtuosos. Foram destacados instrumentos já existentes, como a arte e o esporte, para a difusão de valores como a ética, a justiça, a solidariedade e a fraternidade. Mereceram destaques os programas Música para as Crianças (UNB), Educar Dançando (UNB), Espaço Cultural Palavida (UNB/GDF) e Xadrez na Escola (GDF). Foi enfatizado que a introdução dos conceitos de valores e virtudes deve ter início no processo educacional da primeira infância e que os mesmos sejam praticados e consolidados no ensino básico e no ensino superior.
Ulisses Riedel enfatizou a importância de se discutir, no âmbito da universidade, os valores e as virtudes humanos, para que possamos usar a razão e a sensibilidade em prol de um mundo melhor. Ressaltou a importância da universidade no entendimento da visão quântica do universo, na qual existe uma interdependência que precisa ser harmonizada.
O reitor Ivan Camargo afirmou que a educação superior tem papel fundamental na formação de professores que possam ensinar de maneira diferente e que estimulem os alunos a pensarem de forma cidadã. Ele lembrou que, na cerimônia de homenagem ao professor Roberto Salmeron, pioneiro da UNB, o homenageado resumiu seu pronunciamento em uma frase: "Vamos acreditar na juventude". Isso aponta para o investimento da educação para que possamos antever um mundo sem conflitos de qualquer natureza, sem guerras e no qual cada ser humano tenha a oportunidade de realizar seus sonhos e ser feliz.
É pertinente lembrarmos o pensamento de Fernando Pessoa: "Tenho em mim todos os sonhos do mundo". Os caminhos do futuro estão condicionados à nossa capacidade de inserirmos valores e virtudes nas próximas gerações. Cada um de nós tem responsabilidades. Evoquemos o pensamento de Platão, que dizia: "Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo". Vamos iniciar essa caminhada, sentindo o perfume das flores e cantarolando o verso inspirado de Geraldo Vandré: "Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
Correio Brasiliense, 13/10/2014
O Movimento Pedagogia das Virtudes, que reúne entidades da sociedade civil e do governo, tem como objetivo a difusão e a promoção de valores éticos universais e da virtude nos seres humanos. Ele tem promovido seminários que visem abrir caminhos para a promoção de valores e virtudes como solidariedade, ética, compreensão, bondade, liberdade e caridade. O 11º seminário foi realizado na UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA e que teve como tema "O papel da universidade na promoção de virtudes". O seminário foi coordenado pelo presidente da União Planetária, Ulisses Riedel, e os palestrantes foram Ivan Camargo, reitor da UNB, e os professores Gilberto Lacerda Santos e Isaac Roitman.
Foi destacada a necessidade de a universidade adaptar-se à atual configuração da sociedade. Atualmente, segundo Boaventura de Sousa Santos, a universidade passa por uma crise motivada principalmente por três dimensões: a hegemonia, a legitimidade e a cidadania. Quanto à hegemonia, ela perdeu a exclusividade em relação à produção do saber. Com respeito à legitimidade, é insuficiente na produção do conhecimento socialmente pertinente. No que diz respeito à cidadania, não tem cumprido a missão de formar cidadãos participativos e que desempenhem um protagonismo que resulte na melhoria da convivência humana. Para superar a crise, a universidade não pode se isolar da sociedade e deverá, além de cumprir sua missão de formação profissional, promover saberes e valores em uma perspectiva cidadã e participativa.
Na discussão da precariedade do sistema educacional brasileiro, foi enfatizada a falta de promoção de valores e virtudes na educação de crianças e jovens. Pela análise das 20 metas do Plano Nacional de Educação, foi constatada a ausência de ações para a formação ética e cidadã. Sem essa dimensão, certamente será mantido o quadro de desigualdade social acompanhada de outras mazelas brasileiras. Para que essa realidade possa ser superada, a universidade deverá formar um novo professor que, além de ser um estimulador e mediador na aquisição e utilização de conhecimentos, possa contribuir com a formação cidadã, promovendo o desenvolvimento de valores e virtudes nos educandos.
O papel do professor é o de um jardineiro; e o das escolas, de sementeiras de cidadãos virtuosos. Foram destacados instrumentos já existentes, como a arte e o esporte, para a difusão de valores como a ética, a justiça, a solidariedade e a fraternidade. Mereceram destaques os programas Música para as Crianças (UNB), Educar Dançando (UNB), Espaço Cultural Palavida (UNB/GDF) e Xadrez na Escola (GDF). Foi enfatizado que a introdução dos conceitos de valores e virtudes deve ter início no processo educacional da primeira infância e que os mesmos sejam praticados e consolidados no ensino básico e no ensino superior.
Ulisses Riedel enfatizou a importância de se discutir, no âmbito da universidade, os valores e as virtudes humanos, para que possamos usar a razão e a sensibilidade em prol de um mundo melhor. Ressaltou a importância da universidade no entendimento da visão quântica do universo, na qual existe uma interdependência que precisa ser harmonizada.
O reitor Ivan Camargo afirmou que a educação superior tem papel fundamental na formação de professores que possam ensinar de maneira diferente e que estimulem os alunos a pensarem de forma cidadã. Ele lembrou que, na cerimônia de homenagem ao professor Roberto Salmeron, pioneiro da UNB, o homenageado resumiu seu pronunciamento em uma frase: "Vamos acreditar na juventude". Isso aponta para o investimento da educação para que possamos antever um mundo sem conflitos de qualquer natureza, sem guerras e no qual cada ser humano tenha a oportunidade de realizar seus sonhos e ser feliz.
É pertinente lembrarmos o pensamento de Fernando Pessoa: "Tenho em mim todos os sonhos do mundo". Os caminhos do futuro estão condicionados à nossa capacidade de inserirmos valores e virtudes nas próximas gerações. Cada um de nós tem responsabilidades. Evoquemos o pensamento de Platão, que dizia: "Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo". Vamos iniciar essa caminhada, sentindo o perfume das flores e cantarolando o verso inspirado de Geraldo Vandré: "Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
Correio Brasiliense, 13/10/2014
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