30/09/2014 02h00
Na semana passada saíram dois relatórios fundamentais para quem quer entender a importância da conexão à rede em alta velocidade para o desenvolvimento.
O primeiro foi publicado pela Unesco e pela UIT (União Internacional das Telecomunicações). Com o título "O Estado da Banda Larga em 2014", ele traz um comparativo entre os países sobre o acesso à internet de alta velocidade. No ranking, a posição do Brasil não é animadora. Apesar de fazermos parte do clube de países que possuem um Plano Nacional de Banda Larga, o resultado não é alentador.
A cada 100 habitantes, temos apenas 10,1 assinaturas de banda larga fixa, ficando na 73ª posição mundial. Somos batidos por países como o México (11,1), Chile (12,3), ou Rússia (16,6). Com relação ao percentual de domicílios com acesso à rede ficamos 34º lugar com 42,4%. Perdemos para o Chile (49,6%), Uruguai (52,7%) e Argentina (53,9%). Mesmo em internet móvel, estamos na 37ª posição, atrás da Tailândia e de Botswana.
Perdemos também no percentual absoluto de pessoas conectadas à rede. Nessa disputa o país fica em 74º lugar, com 51,6%. Hermanos latinos estão à frente: Colômbia (51,7%), Venezuela (54,9%), Uruguai (58,1%) e Argentina (59,9%).
Uma das razões para essas posições é o percentual comparativo de investimentos. Enquanto o Brasil investiu 0,13% do PIB no plano de banda larga, a Argentina investiu 0,4%. A Colômbia criou um programa ambicioso chamado Vive Digital, envolvendo a construção de redes de fibra ótica e a ampliação de serviços governamentais on-line, aplicando para isso 0,62% do PIB.
Números assim ficam ainda mais dolorosos em vista de outro estudo publicado semana passada, chamado "Internet e Pobreza: Abrindo a Caixa Preta". Trata-se de trabalho de fôlego liderado por Hernán Galperin, professor da Universidade de San Andrés na Argentina. Ele demonstra que acesso a internet rápida não é luxo nem perfumaria. Há uma conexão direta entre conectividade e alívio da pobreza, educação e desenvolvimento.
Baseando-se em ampla análise de dados, o estudo demonstra que o acesso à banda larga tem impacto positivo com relação ao crescimento, redução da desigualdade e inclusão social. Por exemplo, mostra que a internet nas escolas reduz as taxas de evasão e de repetência.
A banda larga tem impacto positivo também sobre a renda. O acesso à rede rápida aumentou em até 7,5% a renda dos locais estudados. O mais interessante: banda larga melhora a renda do entorno, até de quem não tem acesso direto a ela, comprovando estudos anteriores.
Com isso, não tem desculpa. Em meio à campanha eleitoral, banda larga deveria ser prioridade no debate. Até o momento, só Marina Silva apresentou seu plano de governo com propostas sobre o tema (entre elas, levar banda larga para as escolas). O que pensam os demais candidatos? Números como os acima querem saber.
Ronaldo Lemos, Folha de S.Paulo
O primeiro foi publicado pela Unesco e pela UIT (União Internacional das Telecomunicações). Com o título "O Estado da Banda Larga em 2014", ele traz um comparativo entre os países sobre o acesso à internet de alta velocidade. No ranking, a posição do Brasil não é animadora. Apesar de fazermos parte do clube de países que possuem um Plano Nacional de Banda Larga, o resultado não é alentador.
A cada 100 habitantes, temos apenas 10,1 assinaturas de banda larga fixa, ficando na 73ª posição mundial. Somos batidos por países como o México (11,1), Chile (12,3), ou Rússia (16,6). Com relação ao percentual de domicílios com acesso à rede ficamos 34º lugar com 42,4%. Perdemos para o Chile (49,6%), Uruguai (52,7%) e Argentina (53,9%). Mesmo em internet móvel, estamos na 37ª posição, atrás da Tailândia e de Botswana.
Perdemos também no percentual absoluto de pessoas conectadas à rede. Nessa disputa o país fica em 74º lugar, com 51,6%. Hermanos latinos estão à frente: Colômbia (51,7%), Venezuela (54,9%), Uruguai (58,1%) e Argentina (59,9%).
Uma das razões para essas posições é o percentual comparativo de investimentos. Enquanto o Brasil investiu 0,13% do PIB no plano de banda larga, a Argentina investiu 0,4%. A Colômbia criou um programa ambicioso chamado Vive Digital, envolvendo a construção de redes de fibra ótica e a ampliação de serviços governamentais on-line, aplicando para isso 0,62% do PIB.
Números assim ficam ainda mais dolorosos em vista de outro estudo publicado semana passada, chamado "Internet e Pobreza: Abrindo a Caixa Preta". Trata-se de trabalho de fôlego liderado por Hernán Galperin, professor da Universidade de San Andrés na Argentina. Ele demonstra que acesso a internet rápida não é luxo nem perfumaria. Há uma conexão direta entre conectividade e alívio da pobreza, educação e desenvolvimento.
Baseando-se em ampla análise de dados, o estudo demonstra que o acesso à banda larga tem impacto positivo com relação ao crescimento, redução da desigualdade e inclusão social. Por exemplo, mostra que a internet nas escolas reduz as taxas de evasão e de repetência.
A banda larga tem impacto positivo também sobre a renda. O acesso à rede rápida aumentou em até 7,5% a renda dos locais estudados. O mais interessante: banda larga melhora a renda do entorno, até de quem não tem acesso direto a ela, comprovando estudos anteriores.
Com isso, não tem desculpa. Em meio à campanha eleitoral, banda larga deveria ser prioridade no debate. Até o momento, só Marina Silva apresentou seu plano de governo com propostas sobre o tema (entre elas, levar banda larga para as escolas). O que pensam os demais candidatos? Números como os acima querem saber.
Ronaldo Lemos, Folha de S.Paulo
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