Relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) coloca o Brasil na 4.ª posição em uma lista de países que considera o número de habitantes com acesso à internet.
De acordo com o documento, o País tinha, em números absolutos, 120 milhões de usuários de internet em 2015, atrás apenas da Índia (333 milhões), dos Estados Unidos (342 milhões) e da China (706 milhões).
O relatório da ONU revelou ainda que 70% dos usuários de internet estão nas chamadas nações em desenvolvimento, a maior parte deles concentrada, naturalmente, na China e na Índia, as duas nações mais populosas do mundo.
Era esperado que o crescimento do número de usuários de internet no quadriênio 2012-2015, corte adotado para o levantamento, fosse maior naquelas nações. Nos países economicamente mais avançados, o que se observa hoje é a estabilização do número de pessoas conectadas, visto que os investimentos em tecnologia e infraestrutura para universalizar o acesso à rede já haviam sido feitos no passado. Nos países ricos, priorizam-se agora a constante melhoria da qualidade do acesso por banda larga e a ampliação da gama de serviços que podem ser contratados no ambiente digital. Um passo adiante.
Já em economias em desenvolvimento, como a brasileira, o que se tem observado é o investimento na ampliação da infraestrutura de rede que permita que o acesso à internet chegue a um número cada vez maior de municípios.
O desafio das operadoras, com a necessária fiscalização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), é fazer a universalização do acesso e a melhora da qualidade da conexão caminharem pari passu. Não obstante o aumento do número de usuários de internet no Brasil, o relatório da Unctad revela que não apenas o acesso à conexão por meio da banda larga ainda é restrito, como, para aqueles que já o possuem, a qualidade do serviço está aquém do desejável.
Não por acaso, a presença de países da América Latina, da África e do Caribe ainda é muito incipiente nos rankings de acompanhamento da evolução do comércio digital. Estas regiões respondem por menos de 2% das empresas digitais com capitalização de mercado.
O acesso à internet rápida e segura é condição indispensável para o desenvolvimento da chamada economia digital. Em países como o Brasil, no entanto, este tipo de acesso ainda é bastante restrito, seja por questões técnicas, seja por razões comerciais. Como também mostrou o relatório, o acesso à internet por banda larga é três vezes mais caro nos países em desenvolvimento.
No Brasil, 54% dos lares têm acesso regular à internet, de acordo com os dados da TIC Domicílios 2016, apurados pelo Comitê Gestor da Internet (CGI). Entretanto, observa-se uma clara estratificação dos níveis de qualidade de conexão à rede no País. Enquanto as classes A e B têm taxas de conexão comparáveis às de países desenvolvidos, como o Reino Unido, as classes C e D aproximam-se dos mesmos indicadores de qualidade da Bolívia e do Quênia, por exemplo.
Ainda em outubro, o governo deverá lançar um novo plano para investimentos na ampliação da oferta de banda larga no País. De acordo com André Borges, secretário nacional de Telecomunicações, a meta é aumentar o alcance da fibra ótica, que permite o acesso por banda larga, para 75% dos municípios brasileiros. Os 25% restantes deverão ser atendidos por sinal de rádio digital de alta capacidade.
Dentro de dias, o governo iniciará a consulta pública com as novas diretrizes que substituirão aquelas contidas no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), do segundo mandato Lula, e do programa Brasil Inteligente, de maio do ano passado. Borges prevê que a meta do novo programa de banda larga seja atingida em até dez anos.
Cabe ao Estado criar as condições para investimento em tecnologia que permita o ingresso do País na economia digital como um player importante. Até lá, o número de usuários de internet será apenas isso, um número.
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