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É difícil encontrar um ângulo de avaliação em que a Universidade de São Paulo não desponte como a principal do país.
Com mais de 57 mil alunos, 239 programas de pós-graduação e a quinta posição no mundo em quantidade de artigos científicos publicados, a instituição criada em 1934 não encontra rival no Brasil.Tampouco no panorama internacional a USP faz má figura. Melhor universidade da América Latina em mais de um ranking, aparece na 70ª posição da lista mundial de reputação compilada pelo grupo "Times Higher Education" (ainda que, na classificação geral, apareça em 158ª lugar entre 400 instituições de ensino superior).
Nessas condições, aparecia como aberração a USP se recusar a tomar parte no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC).
Esse erro agora começa a ser sanado. A universidade paulista anunciou um convênio com o MEC e o Inep para aderir ao exame --ainda que de forma experimental, pelos próximos três anos.
Até dar esse passo, a USP se escudava em objeções metodológicas e na defesa da própria autonomia para evitar o instrumento de avaliação e de comparação padronizada do ensino superior no país.
O Enade é obrigatório para universidades federais e privadas e facultativo para as estaduais e municipais, mas as outras duas instituições paulistas --Unesp e Unicamp-- já haviam aderido.
Isolada, a USP só alentava a interpretação de que sua comunidade acadêmica temia não se sair tão bem no cotejo direto de seus alunos com os de outras instituições.
Isso é pouco provável, de resto, em face do cabedal reunido pela universidade em seus 79 anos. Por outro lado, nada garante que venha a ocupar a primeira colocação nacional em todos os quesitos, como pretenderiam seus luminares.
Tal interpretação maliciosa passa a perder lastro. Ainda que nesta fase piloto a USP faculte a seus estudantes realizar ou não a prova e prometa por ora manter os resultados em segredo, a anunciada disposição de pôr sua massa crítica para produzir pesquisas acadêmicas sobre o exame, a fim de aperfeiçoá-lo, torna moralmente mais custosa para a universidade uma eventual defecção à frente.
A USP é um patrimônio público, cujo funcionamento se custeia com dinheiro dos contribuintes --primordialmente saído dos cofres estaduais, mas também com verbas de pesquisa federais. Deve satisfação, portanto, à sociedade que a sustenta. Submeter-se a avaliações comparativas não é mais que parte importante dessa obrigação.
Folha de S.Paulo, 8/8/2013
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