Posted by Simón Schwartzman, : 30 Sep 2013 06:57 AM PDT
A PNAD 2012 mostrou que o total de analfabetos no Brasil (pessoas que declaram não saber ler e escrever) aumentou em 317 mil desde o ano anterior. Este resultado foi bastante comentado na imprensa, apesar de os técnicos do IBGE terem dito que se trata, muito provavelmente, de uma flutuação estatística sem maior significado.
As tabelas ao lado permitem ver melhor do que se trata. Em termos absolutos, a maior parte do aumento se deu entre pessoas acima de 50 anos. A tabela seguinte em percentagens, mostra que a proporção de jovens analfabetos continua se reduzido entre os mais jovens, ficando restrita, cada vez mais, aos mais velhos.
A conclusão é que, embora nossa educação tenha muitos problemas, este não é um deles. Ou se trata, de fato, de uma flutuação estatística sem maior significação (não podemos esquecer que estes dados são de uma pesquisa amostral, com estimativas baseadas em projeção da população), ou estamos importando analfabetos idosos, ou muitas pessoas mais velhas que antes eram alfabetizadas agora esqueceram o que sabiam.
Estes dados também confirmam que é muito difícil alfabetizar pessoas mais velhas, que passaram toda sua vida adulta sem ler e escrever. O problema do analfabetismo absoluto no Brasil está concentrado nesta população mais velha das regiões mais pobres, pessoas que não tiveram na juventude as oportunidades que as gerações mais jovens estão tendo. O problema do analfabetismo funcional persiste – pessoas que, embora minimamente alfabetizadas, não conseguem entender o que lêm nem se expressar por escrito. Mas isto a PNAD não capta.
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