20 de janeiro de 2011

20 de janeiro de 2011
Educação e Ciências | O Globo | Opinião

Choque para mudar a Educação no RJ

O Rio de Janeiro foi reprovado no mais recente ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). De acordo com o levantamento, os indicadores do ensino médio deixam o estado em penúltimo lugar no país, à frente apenas do Piauí. Esta avaliação retrata um quadro que beira o caos administrativo e escolar, resultado de décadas de modelos que privilegiaram indicações políticas no setor e se dobraram a interesses corporativos ditados por entidades de classe, em detrimento de planos de fato comprometidos com o ensino, no mais amplo sentido da palavra.
A receita do insucesso é feita com ingredientes que causam vergonha. Dos cerca de 1,25 milhão de alunos matriculados na rede estadual, 260 mil estudantes do ensino médio e 190 mil do fundamental estão com uma defasagem de pelo menos dois anos na relação idade/série. O quadro docente tem 78 mil professores, dos quais apenas 65% (51 mil) estão em salas de aula. Os outros se dividem, por exemplo, entre os que estão cedidos a outros órgãos e licenciados (10 mil), desviados de função (4 mil) e lotados em cargos dentro de escolas, mas fora de classe (10 mil). A essas distorções, muitas delas ditadas por interesses políticos que germinam de fora para dentro das escolas, junta-se uma carência estimada em 4 mil profissionais de ensino.

Trata-se de um quadro que não se muda sem um choque de gestão. Não por outra razão, o secretário de Educação do estado, Wilson Risolia, anunciou ao fim da primeira semana deste mês um programa de ação que pretende modificar radicalmente os indicadores do ensino fluminense. O programa é necessariamente ambicioso, tanto pelo potencial revolucionário das medidas a serem adotadas quanto pelo objetivo a que se propõe - qual seja, fazer o Rio pular, até 2013, para a quinta posição no ranking do Ideb. É um desafio do tamanho do buraco em que está atolado o ensino fluminense: para alcançar a meta, o Rio precisa galgar no mínimo 0,8 ponto no índice, um esforço titânico para um estado que nos últimos cinco anos manteve inalterados seus indicadores educacionais.

Para desenferrujar a máquina, o secretário propõe ações que incluem um rigoroso processo seletivo a ser aplicado na admissão de diretores e subsecretários, revisão de licenças médicas de professores, convocação de docentes cedidos a outros órgãos, elaboração de um plano de metas para as escolas, meritocracia, racionalização de gastos, fim das indicações políticas e até mudanças no sistema de fornecimento da merenda escolar.

Não será fácil a tarefa - e às dificuldades próprias da execução de um programa que visa a fazer andar uma engrenagem enferrujada é previsível que se juntem forças contrárias ao choque, como partidos e políticos mal acostumados com as barganhas de que se beneficiaram em administrações passadas; e entidades ligadas aos profissionais de ensino, sempre prontas a defender com unhas e dentes benesses corporativas que nem sempre comungam com os interesses da Educação.

Há dificuldades no horizonte, mas o choque proposto pelo secretário Risolia é exequível, desde que avalizado até o fim pela vontade política de tirar o ensino fluminense do inaceitável marasmo em que se encontra.

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O estado precisa fazer um esforço titânico para subir no ranking do ideb

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