10 de agosto de 2011

Escrever à mão


10 de agosto de 2011
Educação no Brasil | Correio Braziliense 
 Paulo Barros

Ainda não encontrei quem, ao conhecer os tablets, não se fascine com eles e com as inúmeras aplicações que oferecem. Os atrativos para comprar um são inúmeros, garantem os entusiastas. Principalmente agora que o governo confirmou que os modelos de fabricação nacional deverão chegar a partir de setembro ao consumidor com 20% de componentes nacionais e preços até 40% menores em relação aos importados.
Mas uma coisa me chamou a atenção entre os inúmeros usos que estão sendo dados ao iPad: na escola particular Webb School, de Knoxville, nos Estados Unidos, os estudantes de 8 a 18 anos são obrigados a usá-los em seu processo de aprendizagem. São 47 estados americanos que aboliram a escrita cursiva nas escolas e recomendam a digitação. Em Brasília, uma escola da rede particular já usa o iPad nas aulas para substituir os livros de papel.
Sem desprezar o avanço que ferramentas como os tablets vão trazer para a educação de nossos filhos, lembro que minha geração aprendeu a escrever da forma "antiga", com o uso da escrita cursiva. Computador, notebook, netbook ou tablet em sala de aula pertencem à geração da minha filha.
Aos 14 anos ela domina naturalmente esses equipamentos, como fazem os adolescentes de sua geração. Facebook, Twitter, MSN, checar as tarefas de casa pelo site da escola, fazer pesquisas via internet são coisas corriqueiras para a garotada de hoje. Mas nunca a vi escrever uma carta à mão, como antigamente fazíamos. Não que seja algo depreciativo para ela ou para a sua geração.
Apenas o temor de que, para ela, o "obsoleto" ato de escrever à mão não tenha mais significado. De que ele não sirva para aproximar as pessoas, como quando recebemos carta de alguém querido que há muito não vemos ou o postal de um viajante. Ou seja, mesmo sendo um geek de carteirinha, temo que os avanços da tecnologia nos tornem cada vez mais distantes e impessoais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário