29 de novembro de 2011

Lúcia Vânia alerta para escalada da violência entre jovens de 20 a 24 anos no Brasil



28 de novembro de 2011 - 11:54

Foto: Cadu Gomes
Em artigo publicado no jornal goiano do Planalto (de 27/11 a 03/12), a senadora Lúcia Vânia (PSDB/GO) alertou para a escalada da violência entre jovens de 20 a 24 anos no Brasil. Ela citou a recente pesquisa do IBGE e o Mapa da Violência 2011 – Os jovens do Brasil, de Júlio Jacobo Waiselfisz. “Estamos perdendo o futuro ou por violência entre os jovens do sexo masculino, ou por analfabetismo ainda existente entre crianças e jovens”, salientou Lúcia Vânia. “Essa violência continua a ter como principal ator e vítima a juventude”, enfatizou.
“É nessa faixa etária, a dos jovens, que duas em cada três mortes se originam em algum tipo de violência, homicídio, suicídio ou acidente de trânsito”, acrescentou. Veja a íntegra do artigo da senadora Lúcia Vânia:
 Não podemos perder o futuro
*Lúcia Vânia
Desde que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novos dados do Censo de 2010, no último dia 16, não me canso de analisá-los, nas suas várias facetas. Os dados divulgados contêm boas e más notícias sobre o Brasil. Algumas merecem até comemoração e, outras, mostram, ainda, o lado desigual e atrasado do nosso país.
Tenho dito, e repito, que olhar os dados estatísticos não é diletantismo, mas a busca de informações que embasem políticas públicas consequentes em favor da população.
Por exemplo, que nação, em pleno século XXI, pode se dar ao luxo de ter 671 mil crianças de 10 a 14 anos de idade analfabetas, ainda que a proporção dos que não sabem ler nem escrever tenha caído de 7,3% para 3,9% em dez anos?
Como explicar que 16,7% de adolescentes de 15 a 17 anos estejam fora da escola? E como encontrar justificativa para o dado de que três em cada dez brasileiros com 65 anos ou mais ainda não foram alfabetizados? E, ainda, como um rico pode ganhar a renda de 40 pobres, e continuarmos achando que tudo vai bem?
Como vemos, são todas perguntas pertinentes e que devem levar todas as instâncias do país a pensar em como superar os fatos que as geram.
Entretanto, hoje, especificamente, quero lançar um olhar sobre um outro dado preocupante: a morte de homens, principalmente, por causa da violência, é alarmante. 80% dos jovens de 20 a 24 anos que morreram eram rapazes.
Estamos perdendo o futuro ou por violência entre os jovens do sexo masculino, ou por analfabetismo ainda existente entre crianças e jovens. Indubitavelmente, essa é uma situação que não pode continuar.
Além dos dados do IBGE, um trabalho extremamente revelador foi publicado: o Mapa da Violência 2011 – Os jovens do Brasil, de Júlio Jacobo Waiselfisz. 
É um estudo que resulta da colaboração entre o Ministério da Justiça e o Instituto Sangari, “na tentativa de contribuir para a compreensão de um dos maiores desafios que hoje enfrenta o nosso país: o da violência irrompendo e transformando o cotidiano da sociedade”. Uma das conclusões é que as políticas desenvolvidas nos últimos anos têm conseguido estancar o crescimento da violência nos níveis em que vinha se alastrando desde os anos 80.
Entretanto, a preocupação cresce quando se verifica que essa violência continua a ter como principal ator e vítima a juventude. O estudo acima nomeado aponta que é nessa faixa etária, a dos jovens, que duas em cada três mortes se originam em algum tipo de violência, homicídio, suicídio ou acidente de trânsito. Dados comparados de 1996 até agora mostram o seguinte: em 1996 a taxa de homicídios juvenis foi de 41,7 em 100 mil. Hoje, com os dados correspondentes aos dois últimos anos, estamos com 52,9 vítimas juvenis em 100 mil.
Se considerarmos os acidentes de trânsito, para jovens vitimados, no mesmo período, temos: tínhamos 24,2 em 100 mil em 1996 e agora temos 25,7 em 100 mil.
 Os suicídios subiram, no período, de 4,8 para 5,1 em 100 mil. Dados históricos de São Paulo e Rio de Janeiro apontam que epidemias e doenças infecciosas, como causas de mortes, foram substituídas pelas chamadas causas externas, que incluem mortes no trânsito e por homicídios. Se em 1980 as “causas externas” já eram responsáveis por 52,% do total de mortes de jovens em nosso país, no último censo pulou para 72,1%, o que representa ¾ dos óbitos entre os jovens.
Se considerarmos a população jovem dividida em dois grupos (de 0 a 14 anos e de 15 a 14 anos) os dados são estarrecedores: somente 9,6% das mortes de 0 a 14 anos são por fatores externos, enquanto 72,1% dos de 15 a 24 anos são por fatores externos, conforme já vimos acima. Por fim, a taxa de homicídios juvenis das capitais (89% por 100 mil) é mais do que o dobro da taxa de homicídios da população em geral (42,4% por 100 mil habitantes). A Política Nacional da Juventude diz “Em termos políticos e sociais os jovens e as jovens são sujeitos de direitos coletivos”. Portanto, não podemos perder o futuro perdendo os nossos jovens. Precisamos de políticas que os protejam.
Izabela Fernandes – Assessoria de Comunicação da Liderança do PSDB no Senado 

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