19 de dezembro de 2011

Lamentável estatística : Mortes no Brasil


19 de dezembro de 2011
 Diário de Pernambuco | PE

Os dados contidos no Mapa da Violência, elaborado pelo Instituto Sangari e divulgado em São Paulo, indicando que, nos últimos 30 anos, 1.091.125 pessoas foram vítimas de homicídio no país, espelham uma realidade cujos contornos e extensão se constituem gigantesco desafio, quando se fala no direcionamento de políticas de segurança pública. Esses dados servem, sobretudo, de alerta, demonstrando, com números preocupantes, que o problema é gravíssimo, pelos efeitos diretos e indiretos que se irradiam, exigindo dessa forma redobradas atenções, através de medidas eficientes de combate.
Segundo o referido Instituto, a média das últimas três décadas é de quatro brasileiros assassinados por hora e, no ano de 2010, foram mortas 50 mil pessoas, enquanto o responsável pela pesquisa, Júlio Waiselfisz, destaca: "Para se ter uma ideia da tragédia, lembre-se que só 13 cidades brasileiras têm uma população que ultrapassa 1 milhão. Matou-se mais no Brasil do que em países onde há conflito armado". Reunindo dados compilados desde 1980, o estudo revela o avanço da violência ano a ano, mostrando que se há trinta anos atrás 13.910 pessoas foram vítimas de homicídio no país, ano passado o número de mortes chegou, mais precisamente, a 49.932, assinalando, portanto, crescimento de 258%. No período, a população brasileira passou de 119 milhões para 190 milhões de habitantes, registrando crescimento de 74%.
Desde 1980, a taxa de homicídio por 100 mil habitantes também deu um salto considerável, passando de 11,7 para 26,2. Na última década, foi observado crescimento rápido das taxas até 2003, quedas relevantes até 2005 e, a partir deste ano, equilíbrio instável. Se por um lado, como a pesquisa revela, Alagoas é o Estado que ocupa a primeira posição no ranking dos homicídios, passando da décima-primeira colocação, dez anos atrás, com taxa de 25,6 mortes por 100 mil habitantes, para 66,8, agora, dois estados, São Paulo e Rio de Janeiro, fizeram o caminho inverso na última década, tendo o primeiro diminuído a taxa de assassinatos de 42,2 para 13,9 por 100 mil habitantes (pulando do 4º para o 25º lugar no ranking), e o segundo reduzido de 51,0 para 26,2 (passando de 2º para 17º). "Três fatores - na avaliação do responsável pela pesquisa - explicam a redução das taxas de homicídios em alguns Estados: campanha de desarmamento, investimento em segurança pública e políticas estaduais".
Em relação ao desarmamento, em audiência pública na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, o representante do ministro José Eduardo Cardozo, Guilherme Leonardi, afirmou que a respectiva campanha, presente em 24 estados e dispondo de 1,9 mil postos de coleta de armas, vai continuar. Ele salientou ainda que "o atual conceito de segurança pública visa não só à repressão pelo porte indevido, mas também à prevenção". Oxalá a continuidade de tal campanha venha a produzir, pois, resultados à altura das expectativas suscitadas, influindo de fato na reversão das estatísticas que o referido mapa da violência acaba de revelar. O combate a violência é um trabalho que exige, acima de tudo, grande persistência, procurando-se ampliá-lo cada vez mais. Somente assim poderemos superar tão lamentáveis dados estatísticos, que vêm comprometendo a segurança pública, situação que coloca em risco a vida de milhares e milhares de brasileiros.

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