31 de dezembro de 2011

Educação, tecnologia e professor


31 de dezembro de 2011
Educação no Brasil | O Povo | CE




Substituição de livros por tablets, greves e fraude marcaram o ano da educação Professor Arivalto Freitas Marques ficou ferido no confronmto entre manifestantes e Batalhão de Choque, em 29 de setembro (FRANK COSTA, ESPECIAL PARA O POVO )

Professores queixosos das condições de trabalho, paradoxos das tecnologias em sala de aula e percalços do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foram presenças constantes nos noticiários em 2011. Mais que podem aparentar, os três temas se misturam no dia a dia do sistema educacional.
Professores e gestores têm em mãos as responsabilidades de ensinar de modo mais integrado e menos unilateral. As novas tecnologias e a interdisciplinaridade do Enem podem ser aliados dessa empreitada; docentes insatisfeitos, não.
Depois da polêmica das propagandas "Tablets substituem livros", o Colégio Ari de Sá (dono do reclame) protagonizou reiterados debates mediados pela imprensa. Além dos malabarismos pedagógicos inerentes a qualquer tempo, professores se deparam com o desafio representado por tablets, laptops e lousas digitais (estas últimas, promessas do colégio Christus).
Se a educação formal passa pelos novos instrumentos, o quadro de mestres precisa ser familiarizado com eles. Como manuseá-los, está claro, mas não só: como transformá-los em aliados de propostas pedagógicas mais participativas.
"O grande desafio da inserção de tecnologias mais atuais é a verificação, por parte dos gestores, da importância de proporcionar aos professores capacitação continuada e sólido suporte pedagógico", colabora Adriano Vargas, mestre em Educação pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP, RJ).
"Nenhum tipo de tecnologia garante por si só a eficiência. A didática do professor ainda é o mais importante para a aprendizagem. É ingenuidade pensar o contrário".

Rogers Mendes, coordenador de aperfeiçoamento pedagógico da Seduc
Três palavras compuseram o anúncio mais comentado da publicidade cearense em 2011:"Tablet substitui livros", a controversa peça produzida para os colégios Ari de Sá
Apoio da administração escolar para que, dentro da sala de aula, os suportes digitais sejam bem aproveitados como ponte para trocas entre professor e estudante, como propulsores da criatividade dos alunos. Não apenas como elemento ilustrativo das velhas aulas expositivas.
Pois. É preciso trabalho conjunto e empenho. O coordenador de aperfeiçoamento pedagógico da Secretaria de Educação do Ceará (Seduc), Rogers Mendes, complementa: "O simples acesso à informação não acelera o aprendizado. A vivência e a prática, sim. E a chave disso é o professor".
Enquanto as escolas privadas cearenses digladiam-se pelo posto da mais tecnológica, os professores das instituições públicas, a quem cabe a ponta de lança da educação gratuita cearense, estão descontentes - e pleiteiam melhores condições salariais. Dos assuntos educacionais do ano, os movimentos grevistas da categoria encabeçam a lista.
Desde o começo até o fim de 2011, docentes das redes públicas de ensino tomaram as ruas da Capital, a Assembléia Legislativa e a Câmara Municipal, em movimentos por melhorias salariais e estruturais.
Diante das investidas insistentes dos manifestantes estaduais, o Executivo respondeu. Em 1º de dezembro, a Assembleia aprovou aumento salarial de 15% aos profissionais - metade ainda em 2011, o restante a partir de janeiro de 2012; gratificação adicional de 10% aos professores com mestrado e de 30% aos com doutorado. A repercussão do aumento salarial em todos os níveis da carreira, principal reivindicação da categoria, não foi acatada da forma como queriam os professores.

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