A queda significativa do número de homicídios em São Paulo entre os anos de 1999 e 2010 - de 44,1 mortes em cada 100 mil habitantes para 13,9 -, apontada pelo Mapa da Violência 2012, é para ser comemorada, mas não significa que o problema esteja solucionado. Segundo o autor do estudo, o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari, SP caminha para sair da zona de epidemia de criminalidade, mas ainda há um longo caminho pela frente até os paulistas terem a sensação de viver em um Estado seguro.
De acordo com ele, São Paulo é um exemplo nacional de que é possível diminuir a violência. "Muitas autoridades tratam a violência como um fenômeno natural. São Paulo tem mostrado que se pode retroceder a violência com medidas corretas e concretas", diz.
A pesquisa foi elaborada com base em dados do Ministério da Justiça e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. De acordo com o estudo, em 30 anos, mais de 1 milhão de pessoas foram vítimas de homicídios em todo o País.
Na análise de Waiselfisz, os mesmos especialistas que trabalham com o número de 10 homicídios por 100 mil habitantes como limite para uma epidemia, dizem que entre cinco e dez a situação ainda não é normal.
"Temos de mudar os nossos paradigmas em dois sentidos. São Paulo é um dos Estados que está mais perto de sair da zona de epidemia. Se tudo continuar como está, já em 2012, aparentemente, São Paulo deve estar entrando em uma zona de menos risco, mas ainda problemática. Porque se esquece o seguinte: sair da zona epidêmica não significa solucionar o problema", afirma o pesquisador.
De acordo com ele, em uma situação de normalidade, o cidadão pode circular livremente pela rua sem temor de ser assassinado. "Em São Paulo, 70% das pessoas tem medo de ser vítima de homicídio, de acordo com levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) no ano passado", diz.
O pesquisador afirma que as famílias ainda não têm confiança na capacidade da polícia, o que pode ser verificado pelo número de contratações de seguranças particulares.
"Isso cria uma dicotomia. Famílias que podem pagar têm mais segurança e famílias que não podem tem de se contentar com a segurança que oferece o Estado. É o mesmo que aconteceu na educação, na saúde e está acontecendo nos últimos anos na segurança pública. Situação de normalidade só se alcança com quatro ou cinco homicídios em 100 mil. São Paulo avançou muito. É um exemplo internacional, diria. Mas o Estado tem um caminho a percorrer se quer realmente ter tranquilidade", afirma.
Ele aponta investimentos na educação como o caminho mais correto para que os números sejam ainda mais reduzidos. "Educação não é mágica, mas vai ajudar a reduzir a violência. Desenvolvimento só com a educação. Os jovens são ao mesmo tempo vítimas e algozes. Jovens são mortos por outros jovens. Boa parte deles não estuda nem trabalha. Isso transforma o ócio em violência", diz.
O comandante-geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Alvaro Camilo, diz que os bons resultados dos últimos anos são apoiados nos investimentos realizados pelo Estado em tecnologia e em pessoal.
"O Estado trabalhou forte com investimentos em tecnologia e em pessoal. Passamos a cruzar os dados através do Infocrim, do Fotocrim e do Copom online. Em São Paulo, todos os novos policiais têm um curso de nível superior e fizemos ações fortes contra o tráfico de drogas e o crime organizado", diz.
Segundo ele, diariamente são feitas 25 mil abordagens em todo o Estado e 240 pessoas acabam detidas. "Ainda temos muito a fazer. Temos feito um trabalho de integração entre as polícias, que também pode trazer melhores resultados", afirma.
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