30 de março de 2013
O Povo - Últimas | Violência | CE
Apontada como uma das principais políticas da Secretaria Estadual da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), as blitze de apreensão de armas de fogo em Fortaleza registraram queda de 10,06% nos exemplares retirados de circulação no primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. O POVO levantou os dados a partir de relatórios disponibilizados no site oficial da pasta na Internet.
O recuo segue a linha de decréscimo nos trabalhos apresentada em 2012, quando 8,41% menos armas (ou 245 unidades, em números absolutos) foram apreendidas em relação a 2011. A diminuição no ano passado ocorreu após a Capital apresentar aumento de 13,30% de 2010 para 2011.
Fora de Fortaleza, as apreensões cresceram 59,86% de 2011 para 2012 - após o saldo positivo de 75,04% do biênio anterior. No apanhado geral (Interior + Capital), o Ceará registrou altas de 32,84% (2010 para 2011) e 20,06% (2011 para 2012).
Em 2013, o Bom Jardim lidera as estatísticas. Em 59 dias, teve 22 armas recolhidas. Em 2012 inteiro, o bairro registrou 88 exemplares apreendidos - e fechou o ano na 3ª posição, atrás só de Jangurussu/Conjunto Palmeiras (139) e Barra do Ceará (112).
Coordenador do Laboratório de Estudos sobre Conflitualidade e Violência (Covio/Uece), Geovani Jacó classifica as blitze como importantes. Mas paliativas. Para o pesquisador, elas só fazem sentido se inseridas numa política global de desarmamento fundamentada em campanhas educativas permanentes. Lógica essa, segundo ele, ainda inexistente no Ceará. "(As blitze) Devem existir porque lidam diretamente com algo que foge do controle do Estado, que é o fato de a população estar armada (e não só os grupos delinquentes). As blitze não surtem efeito porque são tímidas se comparadas às de armas em circulação na sociedade", diz, referindo-se ao aumento de 47% nos homicídios em Fortaleza de 2011 para 2012.
Em 11 anos, (2000 a 2010), cresceu em 192,5% a taxa de mortes por armas de fogo na capital cearense - conforme o Mapa da Violência 2013, divulgado no último dia 6 de março pelo CEBELA E PELA FLACSO "A população está armada e resolvendo seus conflitos com as próprias mãos. E mãos armadas com armas de fogo. Porque o papel do Estado como mediador desses conflitos não existe. A população está se matando porque está armada", diz Jacó.
ENTENDA A NOTÍCIA
Tendência é de o número de armas apreendidas em 2013 ser menor do que em 2012. Contudo, especialistas defendem o reforço deste tipo de ação e o consórcio a uma política articulada e ampla de desarmamento social.
Serviço
Denuncie pontos de venda e circulação/ armas
Onde: Comando do Ronda do Quarteirão; Fone: (85) 3101 6511
Saiba mais
O POVO ligou cinco vezes para a assessoria da SSPDS nas últimas quarta e quinta-feiras em busca de explicações sobre a política de apreensão de armas do Ceará. No entanto, não conseguiu localizar o assessor nem nos dois números institucionais fixos nem pelo celular.
Um e-mail foi enviado ao assessor solicitando entrevistas e um balanço de quanto o Estado pagou de gratificação aos policiais que retiraram armas de circulação, mas nenhuma resposta chegou à redação até o fechamento desta matéria, às 22 horas de ontem.
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