O Globo
GUERRA DE NÚMEROS
-Brasília e rio - O Ministério da Educação (MEC) divulgou nota ontem afirmando que espera esclarecimentos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) sobre a metodologia e as fontes de informação usadas no cálculo do índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. No relatório, divulgado anteontem, o Brasil permanece na 85 s posição. Para o MEC, "é indispensável a transparência do processo".
A nota informa que o ministro Aloizio Mercadante procurou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), antes da divulgação oficial, em busca de esclarecimentos. Cristovam faz parte de um conselho de 15 especialistas internacionais que colaboram com o Pnud na definição de diretrizes do Relatório de Desenvolvimento Humano. De acordo com o MEC, o senador disse desconhecer as questões metodológicas e sugeriu um contato com a direção-geral do Pnud. Mercadante recusou a oferta.
- Ele (Mercadante) não reclamou, não fez pressão. Apenas ligou porque sabe que sou membro do conselho. E disse que achou errado usarem dados de 2005. Mas, independentemente de ser o número do Pnud ou o que o ministro quer, é uma vergonha A presidenta Dilma e o ministro deveriam ir para a TV pedir a governadores e prefeitos que cuidem das escolas. E anunciar medidas. Em vez disso, ficam dizendo que não é tão ruim assim - disse Cristovam.
Técnicos do Ministério da Educação farão contato com o Pnud. 0 MEC quer realizar uma reunião técnica para tirar dúvidas sobre o cálculo do IDH. Para o ministério, os problemas vão além do uso de dados desatualizados, já que 4,6 milhões de crianças matriculadas em pré-escolas e nas antigas classes de alfabetização teriam sido desconsideradas pelo Pnud.
A Unesco informou ontem que, por uma diferença grande entre as estimativas populacionais do Brasil que constam da divisão de população da ONU para os anos recentes (a partir de 2006) e as projeções do próprio país, decidiu não publicar indicadores educacionais brasileiros que usem esses dados em sua base. Esta é a razão, segundo o órgão, para os últimos indicadores com base populacional calculados pela Unesco serem de 2005. (Demétrio Weber e Lucianne Carneiro)
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