17 de março de 2013

Energia social de SP sempre me inspirou", diz coordenador do AfroReggae



"

REGIANE TEIXEIRA
DE SÃO PAULO, Folha de S.Paulo

A agenda atual do carioca José Junior, 44, inclui visitas semanais a São Paulo, cidade que o coordenador-executivo do AfroReggae conhece há 19 anos. Ele acompanha o início do trabalho no endereço paulistano da ONG, que atua há 20 anos no Rio inserindo ex-detentos no mercado de trabalho e mediando conflitos em favelas.

A sede está pronta no 18º andar do edifício Altino Arantes (o Banespa), região central. A partir de abril, ao menos 12 pessoas trabalharão em parcerias com ONGs locais. "É coisa para caramba que vamos fazer, mas não seremos protagonistas", diz, referindo-se à espécie de consultoria que o AfroReggae dará a grupos paulistanos. No Rio, são cerca de 350 funcionários e R$ 20 milhões em patrocínios.
Inês Bonduki/Folhapress
O coordenador-executivo do AfroReggae, José Junior, 44, no topo do edifício Altino Arantes, região central da cidade
O coordenador-executivo do AfroReggae, José Junior, 44, no topo do edifício Altino Arantes, região central da cidade
sãopaulo - Qual sua primeira impressão de SP?
José Junior - Sou um carioca atípico, não curto praia. E amo São Paulo, que tem uma energia cultural e social que sempre me inspirou. O que motivou a criação do AfroReggae não tem a ver com São Paulo, mas o que o consolidou, sim. Minha formação como gestor tem a ver com pessoas como Paulo Skaf [presidente da Fiesp] e Danilo Santos de Miranda [diretor do Sesc-SP].
Como será o trabalho aqui?
Vamos fazer uma aproximação das periferias com a Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo]. A ideia é focar em empreendedorismo. É fazer com que as pessoas tenham possibilidade de aprender com a indústria. Mas aqui o AfroReggae será coadjuvante.
Quais projetos serão realizados?
Vamos ter uma espécie de "Catraca da Periferia" [inspirado no www.catracalivre.com.br. É um site que vai divulgar a rica programação cultural das periferias e estará no ar até o início de abril. A periferia de São Paulo produz baile black, música, teatro.
Por que só agora a ONG veio para cá?
Nunca quis fazer nada fora do Rio. Não acredito em "franchising" social. Aqui, estamos montando um escritório de representação. A única coisa que pensamos em executar é a empregabilidade, é montar um setor para encaminhar egressos do sistema penal para trabalhar.
Quais as principais diferenças entre as periferias do Rio e de São Paulo?
No Rio, na praia você mistura preto, branco, bandido e rico. Em São Paulo, não tem esse escape. No Rio, a favela está dentro da classe alta. Isso é uma vantagem. São Paulo tem essa distância.
Que iniciativa daqui você admira?
O Sesc é o projeto que acho mais incrível. Até hoje nada conseguiu chegar aos pés dele em termos de reputação.
Por onde você passeia quando está na capital?
Vou muito ao Itaú Cultural e ao Sesc, mas não vou à balada. Quando estou aqui aos domingos, corro no Ibirapuera.
O que falta conhecer em São Paulo?
Tudo. Quero ir a algumas comunidades, como Heliópolis e Paraisópolis. Não curto sair, mas aqui vou ser obrigado, tenho de ver o que está rolando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário