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Folha de S.Paulo, 26/3/2013Serão necessários muitos estudos, ainda, para aquilatar o resultado das ações afirmativas em universidades brasileiras. Os até aqui realizados não permitem conclusões sólidas sobre o benefício real obtido para jovens de baixa renda.
Há mais de uma hipótese para explicar tal dificuldade em recrutar os 85% de secundaristas formados no sistema estatal. Com o ensino de má qualidade recebido, o aluno pode achar que não tem chance de passar no vestibular.
Há quem aponte que lhe falta, também, informação sobre os diversos sistemas de incentivo. Não se pode desprezar, tampouco, o papel do ProUni, programa federal que desde 2005 contemplou mais de 1 milhão de estudantes com bolsas para faculdades privadas.
É na rede particular que se deu a maior parte da expansão do ensino superior. De 7 milhões de estudantes universitários, 5 milhões estão em faculdades privadas.
O aquecimento do mercado de trabalho é outra explicação. Há 20 milhões de empregos para quem tem só o ensino médio completo, contra 7,6 milhões de formação universitária, e as vagas do primeiro tipo crescem mais rapidamente.
Sendo assim, não parece implausível que muitos jovens escolham entrar diretamente no mundo do trabalho. Ou, então, que optem pelo ProUni e pelas universidades particulares, com sua flexibilidade para oferecer cursos de corte mais profissional que acadêmico.
A busca por trabalhadores qualificados também motivou a criação de 2,5 milhões de vagas de ensino técnico pelo governo federal -68% das quais, contudo, em cursos de curtíssima duração (160 horas). O ensino superior pode não ser o mais adequado para todos os jovens, mas não será com uma formação improvisada que eles se realizarão como profissionais.
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