28 de março de 2013

São Paulo: Duas faces da violência


Índice de homicídios segue em alta na Grande São Paulo e no Estado, mas situação dá sinais de melhora e contrasta com a de outras capitais
Após ter visto a taxa de homicídios cair a níveis menos alarmantes e estabilizar-se perto de 10 por 100 mil habitantes no final da última década, a população paulista assiste agora, com preocupação, ao aumento da violência no Estado -ainda que não explosivo.
De acordo com os dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública relativos a fevereiro, já são sete meses consecutivos em que se verifica um número de assassinatos maior do que no mesmo período do ano anterior.
Em fevereiro de 2012, haviam sido registrados 328 casos de homicídio doloso (com intenção de matar) em todo o Estado. Agora, foram 371, alta de 13%. Se considerada apenas a capital, o aumento foi de 14%, passando de 78 para 89 ocorrências desse tipo de crime.
A exemplo do que ocorrera em janeiro, a Grande São Paulo -excluídas as ocorrências da própria capital- é a principal responsável pelas estatísticas negativas. Neste fevereiro, foram 100 assassinatos, contra 76 do mesmo mês de 2012 -vale dizer, um incremento de 32%.
Parece evidente que ainda se fazem sentir os efeitos da onda de violência iniciada no segundo semestre do ano passado, com o confronto prolongado e sinistro entre criminosos organizados e agentes da Polícia Militar.
Além de resultar na disparada dos índices de criminalidade no Estado, o conflito levou à queda do responsável pela Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto. O atual secretário, Fernando Grella Vieira, assumiu em novembro com a proposta de fortalecer as investigações, a cargo da Polícia Civil.
Apesar da gravidade da situação, não se pode deixar de constatar que a taxa de homicídios dolosos em São Paulo permanece em patamar relativamente baixo. Nos últimos 12 meses, foram 11,67 assassinatos por 100 mil habitantes.
Ou seja, mesmo contabilizados os sete períodos de alta seguida, a taxa paulista ainda fica bem abaixo da média nacional, superior a 20 por 100 mil habitantes. Além disso, os percentuais de aumento vêm decrescendo desde novembro.
A cidade de São Paulo, que repete a cifra estadual de assassinatos por 100 mil habitantes, tampouco se compara com algumas das "capitais do medo" retratadas numa série de reportagens desta Folha. Maceió (AL), por exemplo, tem taxa de 110 homicídios por 100 mil. Em Natal (RN), a morte de jovens cresceu 952% na última década.
Nem por isso se mostra tranquilizador o nível da violência em São Paulo. Pode parecer uma obviedade dizer que os indicadores paulistas sobre homicídios, estacionados na faixa entre 10 e 12 por 100 mil, deveriam melhorar, e não piorar, mas é o que a população espera.

Folha de S.Paulo, 28/3/2013

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