30 de julho de 2012

A escalada do crime em São Paulo


EDITORIAIS, Folha de S.Paulo, 30/7/2012
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As estatísticas levaram o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, a admitir uma escalada da violência no Estado e na capital.
Os resultados de junho fizeram o índice de homicídios no primeiro semestre superar em 8% o verificado no mesmo período de 2011. Na cidade de São Paulo, o aumento foi de 22% em igual intervalo. Outros crimes, como roubos e estupros, também subiram.
Quais são as razões dessa alta da violência, num Estado que se orgulhava de ter alcançado uma taxa de homicídios em torno de dez por 100 mil habitantes, menos da metade da média nacional?
No discurso político do governador Geraldo Alckmin (PSDB), traficantes estariam reagindo à intensificação do cerco da polícia. O recrudescimento do crime seria, paradoxalmente, consequência da atuação policial. Há que encontrar, entretanto, explicações menos unilaterais para o fenômeno.
A disparada da violência no mês coincidiu, de fato, com o acirramento de confrontos envolvendo policiais e membros da facção criminosa PCC, que atua dentro e fora de presídios paulistas.
O estopim foi uma operação em 29 de maio, quando uma equipe da Rota, tropa de elite da Polícia Militar, abordou um grupo supostamente ligado à facção. Cinco traficantes foram mortos, em alegada troca de tiros, e uma sexta pessoa foi torturada e assassinada depois de detida, segundo relato de uma testemunha. A própria polícia viu no episódio "vários indícios de execução".
Desde então, chacinas e assassinatos se sucederam em bairros periféricos da cidade, enquanto a PM patrocinava alguns episódios de precipitação e violência desmedida -que, no entanto, não justificam a extravagante ameaça do procurador da República Matheus Baraldi Magnani de protocolar pedido para que o comando da corporação seja substituído.
Mesmo que nas próximas semanas a escalada ceda, isso não bastará para que o Estado consiga retomar a trajetória de queda e levar a violência a níveis mais civilizados.
Diversos fatores haviam contribuído para o declínio acentuado de homicídios nos últimos anos. Além de uma polícia mais equipada, podem-se mencionar ações comunitárias, o envelhecimento da população (criminosos em geral são jovens) e a ausência de facções criminosas em luta entre si.
Esse conjunto de condições parece ter esgotado sua capacidade de gerar resultados. É preciso que se inicie um novo ciclo de aperfeiçoamento das polícias.

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