9 de setembro de 2014

Pesquisa mostra que atitudes como faltar à escola, reprovar em testes e não usar preservativo podem estar relacionadas



INDIANÁPOLIS, EUA - O que faltar à escola, reprovar em testes e se engajar em comportamentos sexuais de risco têm em comum? Muitas coisas, de acordo com pesquisadores da Universidade de Indiana, que analisaram 80 mil registros de diários escritos por garotas entre 14 e 17 anos.
Embora os resultados sejam intuitivos, este é o primeiro estudo a examinar a relação cotidiana entre os diários das adolescentes sobre eventos relacionados à escola, como se sentiam e os comportamentos sexuais que praticavam.
Publicadas na “Journal of Adolescent Health”, as descobertas são baseadas em um estudo de 10 anos sobre o desenvolvimento de relações amorosas/sexuais de 387 das meninas adolescentes e seu comportamento sexual. Durante o estudo, as adolescentes contribuíram com relatórios diários de suas atividades e de seu humor.
- Este estudo demonstra que os relatos semanais das jovens mulheres sobre faltar à escola e serem reprovadas nos testes foram significativamente associados ao sexo vaginal mais frequente, o uso do preservativo menos frequente e diferentes emoções sexuais, nesse mesmo dia - disse a principal autora do estudo, J. Devon Hensel.
Ela afirma, ainda, que estudos anteriores mostraram que o sucesso acadêmico está associado ao menor risco sexual, mas os pesquisadores basearam-se em informações retrospectiva.
- A força de usar vários relatórios diários é que nos permite um olhar mais ecologicamente válido, ou de ‘mundo real’, de como o comportamento acadêmico e romântico das mulheres jovens está ligado de um dia para o outro. Ao invés de confiar em relatos sobre o que aconteceu no passado, temos uma visão única dos acontecimentos que se vão desenrolando - disse Hensel, que é uma professora assistente de pesquisa de pediatria na Seção de Medicina do Adolescente da Faculdade de Medicina da UI.
A pesquisadora explicou que as relações amorosas se tornam um enfoque social primário durante a adolescência, e a escola é um espaço onde as mulheres jovens se encontram e interagem com os seus parceiros.
- Muitas das mesmas habilidades subjacentes de resultados acadêmicos - como a comunicação, a consciência emocional e regulação do comportamento - também estão ligados ao que acontece nos relacionamentos das mulheres jovens. Usando esta ideia, a hipótese de que o que aconteceu academicamente durante um determinado dia na escola teria impacto em como um adolescente se sentia sobre seu parceiro romântico, e os comportamentos que exercem com o parceiro - afirmou Hensel.
Comportamentos acadêmicos incluíram faltar à escola e reprovar em testes; comportamentos sexuais foram sexo vaginal e uso do preservativo; e as emoções envolvem humor positivo, humor negativo, sentindo-se apaixonada, interesse sexual, apoio do parceiro e negatividade do parceiro.
O que ela e o co-autor Brandon H. Sorge descobriram é que o sexo vaginal foi mais frequente (13,5% versus 5,4%) e o uso do preservativo foi menos frequente (13,8% versus 33,1%) nos dias de semana quando a escola foi ignorada em comparação com a semana que apareceram na escola.
No entanto, os incidentes de sexo vaginal não variaram se a autora do diário falhou ou não em um teste (6,4% versus 5,8%); mas quando o sexo aconteceu, o uso de preservativos foi menos frequente quando ela falhou em um teste (6,9%) em comparação com quando ela não o fez (27,1%).
Emocionalmente, as jovens relataram níveis significativamente mais elevados de humor negativo, interesse sexual e sentimento de amor, e níveis mais baixos de humor positivo em dias de semana, quando faltou à escola ou falhou em um teste, em comparação com a semana em que nenhum destes eventos ocorreu. Além disso, faltar à escola foi associado a níveis significativamente mais elevados de apoio dos parceiros.
- Nossos resultados levantam a possibilidade de que as experiências emocionais e de comportamento nos relacionamentos amorosos e sexuais das mulheres jovens podem impactar sua reação a eventos acadêmicos, especialmente se um evento é mais saliente a ela ou a seu parceiro. Por exemplo, o uso do preservativo pode ser menor após falhar em um teste se um jovem se sente apoiado e amado por seu parceiro. - resumiu Hensel.
No entanto, ela disse que por outro lado, se um namorado pressiona a menina a faltar a escola, a mesma pressão pode influenciá-la a rejeitar o uso de preservativo quando ocorre sexo.
- Nossos dados refletem a importância de se considerar como as estreitas ligações entre as diferentes áreas da vida de um adolescente pode afetar a sua saúde geral e bem-estar - concluiu.

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