22 de setembro de 2014

Docentes discutem desafios da USP do século XXI

 

Professor emérito Isaac Roitman participa, em São Paulo, de debate sobre o futuro da universidade
A experiência resultante das sessões da Comissão UnB.Futuro foi compartilhada pelo professor Isaac Roitman, em evento realizado na Universidade de São Paulo. No dia 12 de setembro, cerca de 60 pessoas, a maioria docentes da própria USP, se reuniram no auditório do prédio do ICB III para identificar os desafios com os quais aquela instituição precisa lidar para apoiar a sociedade no enfrentamento das mudanças trazidas pelo século XXI.
“Refletir sobre o futuro da USP transcende o âmbito da universidade, porque a instituição é nossa referência. Para onde for a USP vai nosso sistema universitário”, afirmou Isaac Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Núcleo de Estudos do Futuro da instituição. Como debatedor, o docente apresentou a iniciativa Comissão UnB.Futuro, um think thank que se originou da comissão organizada para promover os 50 anos da UnNB.
O segundo debatedor foi o professor da Poli, Guilherme Ary Plonski, que propôs uma reflexão sobre o que a USP deve almejar ser nesse século: uma instituição ou uma organização. “Toda organização almeja se perenizar. Quando uma organização consegue que segmentos influentes da sociedade a olhem como algo vital, ela passa a ser defendida por eles, e não apenas por aqueles que se beneficiam da sua existência. Esse estágio é quando deixa de ser organização para ser instituição”, explicou. “O que devemos fazer para que a USP se torne, volte ou continue a ser uma instituição?”

MUDANÇAS
Para o professor Roitman, apesar de ser difícil mudar profundamente universidades já constituídas e tradicionais como a USP, é possível pensar em alterações no modelo. “Podemos também planejar novas universidades que tenham modelos inovadores que possam, depois de um tempo, serem transferidos para outras instituições, caso mostrem resultados positivos”, sugeriu.
Para ele, algumas questões já presentes requerem inovações. Uma delas é o papel da modalidade ensino presencial versus ensino a distância. A universidade precisa pensar seu modelo de aula considerando as novas tecnologias e a ampla disponibilidade de conhecimento fora das salas de aula.
Outro ponto crítico é a manutenção do atual padrão de carreira universitária. Os docentes precisarão manter o foco na carreira de pesquisador se quiserem progredir na vida profissional? O sistema quantitativo de avaliação que considera o número de artigos científicos publicados é o mais adequado para avaliar um docente?
Outra tendência presente é o aumento das interações da universidade com outras instituições de pesquisa, locais, nacionais e do exterior. É preciso pensar como será esse relacionamento, considerando que a universidade do futuro pode ser não apenas um lugar físico no espaço geográfico, mas representar um conceito, ou seja, uma rede unida virtualmente na busca de um saber, e não só na atuação para formar pessoas no ensino superior. A universidade também precisa refletir sobre como vai se relacionar com o setor produtivo e o estado.
O professor Guilherme Ary Plonskiy apontou outros desafios que a USP e entidades do ensino de terceiro grau estão enfrentando no novo século. Com base em relatório sobre o ensino superior mundial da Unesco, a entidade para educação, ciência e tecnologia da Organização das Nações Unidas (ONU), ele disse que a ampliação do acesso será uma das grandes questões. No ano de 2000, eram 100 milhões de alunos no ensino superior. Projeções indicam que em 2030 serão 414 milhões, o que requer expansão da infraestrutura e do número de docentes.

(UnB)

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