26 de abril de 2010


Unesco aponta falta de capacitação tecnológica

Estudo traça um panorama da formação de professores no país

RENATA MARIZ renatamuniz.df@dabr.com.br Faz tempo que a dupla giz e quadro-negro deixou de ser o único recurso do professor.

Embora o índice de escolas públicas de educação básica no país com laboratórios de informática e de ciências seja, conforme dados oficiais de 2008, de 30% e 10%, respectivamente, a demanda por inovações tem sido cada vez maior. Engana-se, entretanto, quem aponta como único obstáculo a carência de recursos para equipar os colégios. Especialistas são unânimes em afirmar que a capacitação dos docentes é ponto fundamental na aplicação da tecnologia dentro de sala de aula. Estudo encomendado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revela, porém, que não passa de 2% a proporção de disciplinas obrigatórias dentro da formação inicial dos futuros professores brasileiros.

Marcada para ser apresentada amanhã em evento internacional, em Brasília, a pesquisa sobre o emprego da tecnologia da informação e comunicação (TICs) na educação traz dados de aproximadamente 2 mil currículos dos cursos de pedagogia, ciências biológicas, licenciatura em letras (português) e em matemática no Brasil. Para a consultora independente contratada pela Unesco Maria Inês Bastos, ainda é muito pouca a abordagem do tema na formação inicial do professor. "Nesse universo avaliado, o maior índice foi de 1,6%, em matemática", destaca a socióloga, para quem a capacitação dos docentes no país carrega uma carga alta de teoria. "Isso é importante para formar um profissional crítico e analítico.

Só que discussões libertárias e ideológicas demais não ajudam aquele que será egresso do curso a traba lhar numa sala de aula. Falta prática", sentencia.

Maria Inês destaca, porém, o curto tempo de discussão sobre a aplicação das TICs na educação. "São ferramentas que surgiram mais fortemente na década de 1990, então é natural que o tema esteja sendo trabalhado ainda", afirma. A maior ação que o governo federal poderia comandar, na avaliação de Carlos Bielchowsky, secretário de Educação a Distância do Ministério da Educação (MEC), é a capacitação de 300 mil professores atualmente na área de mídias na educação. "São profissionais em serviço que estão sendo treinados.

Já os 150 mil que estão se formando na Universidade Aberta do Brasil (que é a distância), esses sim vão ter o tema das TICs na veia", destaca Bielchowsky. "Mas temos que trabalhar o tema com as faculdades presenciais, sem dúvida." Debate - Representantes de países da América Latina e Caribe se reunirão, amanhã e quarta-feira, em conferência internacional cujo tema é o impacto das TICs na Educação. O objetivo é construir e avançar na produção de conhecimentos e modelos para mobilizar políticas sobre o tema.

A organização do evento é feita pela Unesco e Ministério da Educação


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