21 de agosto de 2011
O Tempo | Economia | MG
O tráfego de dados a partir dos dispositivos móveis (celulares, notebooks, tablets, TVs portáteis) no Brasil vai aumentar 39 vezes até 2015, segundo o estudo Previsão Global de Dados Móveis do Índice de Redes Virtuais, realizado pela gigante mundial Cisco. O problema é que um outro estudo, da União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês), revela que as redes móveis brasileiras serão estreitas demais para suportar o tráfego de tanto conteúdo. Se nada for feito, o país pode enfrentar em 2014, em plena realização da Copa do Mundo, um apagão de dados.Trocando em miúdos, daqui a três anos, o internauta que se conectar à internet a partir de dispositivos móveis poderá se sentir de volta ao tempo em que tinha que esperar até 20 minutos para visualizar na web uma foto de 500 Kbps.
"Os riscos são reais e grandes", diz o diretor de assuntos corporativos da Intel Brasil, Emílio Loures. Maior fabricante de microprocessadores do mundo e com investimentos bilionários em plataformas que aperfeiçoam o acesso à internet via dispositivos móveis, a Intel alerta para o problema.
Mas esse não é o primeiro aviso. O conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) João Rezende declarou, em maio último, durante seminário sobre telecomunicações em São Paulo, que serão necessários 800 MHz para o tráfego eficiente de dados nas redes móveis do país. De acordo com Rezende, estudos da agência reguladora teriam identificado apenas 400 MHz, ou seja, a metade do espaço ideal.
Já para a União Internacional de Telecomunicações, o déficit existe desde o ano passado. Seus estudos apontam que, em 2010, o país precisava de 840 MHz, enquanto tinha só 730 MHz. Em 2015, serão precisos 1.300 MHz e o país terá menos de 900 MHz.
A Associação Nacional das Operadoras Celulares também entrou na campanha. "As operadoras brasileiras detêm uma média de 54,6 MHz de espectro para prestação de serviços móveis, abaixo da média dos Estados Unidos (86,7 MHz) e da Europa (92,6 MHz)", notificou a entidade.
As soluções apontadas passam pelo leilão de novas faixas e, mais recentemente, pela destinação futura da faixa de 700 MHz para a telefonia de 3ª geração (3G), bandeira da Associação GSM, que congrega as operadoras de telefonia que usam a tecnologia GSM. O argumento da entidade é que essa faixa, destinada às retransmissoras de TV, é subutilizada.
O excesso de antenas parabólicas de televisão, que se espalham de forma descontrolada no Brasil, pode agravar mais a situação de risco de um apagão de dados. Hoje, muitas retransmissoras de TV ainda não montaram suas redes, que devem ser alocadas na faixa de 700 megahertz (MHz). Com isso, o sinal da TV aberta chega a muitas casas com qualidade ruim, o que leva as pessoas que querem uma imagem melhor a recorrerem à antena parabólica.
Só que as parabólicas buscam o sinal enviado por satélite, nas faixas de 3,4 gigahertz (GHz) a 4,2 GHz. O diretor de assuntos institucionais da Intel Brasil, Emílio Loure, explica que, quando há ajustes errados das antenas, é comum o "sinal" invadir parte da faixa de 3,5 GHz. Justamente essa faixa de frequência, que será licitada no ano que vem, é vista como saída contra o apagão dos dados.
"Devido à inadequação de faixa de operação, muitas antenas recebem sinais na faixa de 3,4 GHz a 4,2 GHz, quando deveriam apenas operar na faixa de 3,625 GHz a 4,2 GHz", reconheceu, em nota à reportagem, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
"Outro problema é que a má qualidade de algumas antenas causa dificuldade de convivência com os sistemas terrestres que operam na faixa adjacente", continuou a nota da agência, ou seja, onde está a 3,5 GHz, como alertou a Intel.
Emílio Loure lembra que a espera é longa. "São cinco anos sem qualquer medida para equacionar o problema. Vendem-se parabólicas como nunca, onerando o cidadão, e não se montam as redes terrestres", concluiu o executivo da Intel.
Apesar das declarações preocupantes do conselheiro João Rezende, a Anatel descarta o risco de apagão e aposta que as licitações de três novas faixas (450 MHz, 2,5 GHz e 3,5 GHz), previstas para ocorrerem até abril de 2012, vão suprir a necessidade brasileira de espectro, inclusive para grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
"Estamos trabalhando para cumprir os prazos de licitação das faixas e garantir banda suficiente ao tráfego a ser demandado", respondeu em nota. "De qualquer forma, outros estudos estão sendo conduzidos na Anatel visando a identificar novas faixas para o segmento", completou a assessoria de imprensa. (NS)
"Os riscos são reais e grandes", diz o diretor de assuntos corporativos da Intel Brasil, Emílio Loures. Maior fabricante de microprocessadores do mundo e com investimentos bilionários em plataformas que aperfeiçoam o acesso à internet via dispositivos móveis, a Intel alerta para o problema.
Mas esse não é o primeiro aviso. O conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) João Rezende declarou, em maio último, durante seminário sobre telecomunicações em São Paulo, que serão necessários 800 MHz para o tráfego eficiente de dados nas redes móveis do país. De acordo com Rezende, estudos da agência reguladora teriam identificado apenas 400 MHz, ou seja, a metade do espaço ideal.
Já para a União Internacional de Telecomunicações, o déficit existe desde o ano passado. Seus estudos apontam que, em 2010, o país precisava de 840 MHz, enquanto tinha só 730 MHz. Em 2015, serão precisos 1.300 MHz e o país terá menos de 900 MHz.
A Associação Nacional das Operadoras Celulares também entrou na campanha. "As operadoras brasileiras detêm uma média de 54,6 MHz de espectro para prestação de serviços móveis, abaixo da média dos Estados Unidos (86,7 MHz) e da Europa (92,6 MHz)", notificou a entidade.
As soluções apontadas passam pelo leilão de novas faixas e, mais recentemente, pela destinação futura da faixa de 700 MHz para a telefonia de 3ª geração (3G), bandeira da Associação GSM, que congrega as operadoras de telefonia que usam a tecnologia GSM. O argumento da entidade é que essa faixa, destinada às retransmissoras de TV, é subutilizada.
O excesso de antenas parabólicas de televisão, que se espalham de forma descontrolada no Brasil, pode agravar mais a situação de risco de um apagão de dados. Hoje, muitas retransmissoras de TV ainda não montaram suas redes, que devem ser alocadas na faixa de 700 megahertz (MHz). Com isso, o sinal da TV aberta chega a muitas casas com qualidade ruim, o que leva as pessoas que querem uma imagem melhor a recorrerem à antena parabólica.
Só que as parabólicas buscam o sinal enviado por satélite, nas faixas de 3,4 gigahertz (GHz) a 4,2 GHz. O diretor de assuntos institucionais da Intel Brasil, Emílio Loure, explica que, quando há ajustes errados das antenas, é comum o "sinal" invadir parte da faixa de 3,5 GHz. Justamente essa faixa de frequência, que será licitada no ano que vem, é vista como saída contra o apagão dos dados.
"Devido à inadequação de faixa de operação, muitas antenas recebem sinais na faixa de 3,4 GHz a 4,2 GHz, quando deveriam apenas operar na faixa de 3,625 GHz a 4,2 GHz", reconheceu, em nota à reportagem, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
"Outro problema é que a má qualidade de algumas antenas causa dificuldade de convivência com os sistemas terrestres que operam na faixa adjacente", continuou a nota da agência, ou seja, onde está a 3,5 GHz, como alertou a Intel.
Emílio Loure lembra que a espera é longa. "São cinco anos sem qualquer medida para equacionar o problema. Vendem-se parabólicas como nunca, onerando o cidadão, e não se montam as redes terrestres", concluiu o executivo da Intel.
Apesar das declarações preocupantes do conselheiro João Rezende, a Anatel descarta o risco de apagão e aposta que as licitações de três novas faixas (450 MHz, 2,5 GHz e 3,5 GHz), previstas para ocorrerem até abril de 2012, vão suprir a necessidade brasileira de espectro, inclusive para grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
"Estamos trabalhando para cumprir os prazos de licitação das faixas e garantir banda suficiente ao tráfego a ser demandado", respondeu em nota. "De qualquer forma, outros estudos estão sendo conduzidos na Anatel visando a identificar novas faixas para o segmento", completou a assessoria de imprensa. (NS)
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