16 de novembro de 2011

As reformas para o Brasil que nós queremos


16 de novembro de 2011
Educação no Brasil | Diário de Pernambuco | PE

Quando olhamos ao redor certamente vemos muitas potencialidades, mas não vemos um Brasil como ele pode ser. Ao se discutir os problemas do Brasil, chega-se forçosamente à conclusão de que tudo, direta ou indiretamente, está relacionado à ineficiência do nosso sistema educacional. A educação, como há muito advoga Cristovam Buarque, é a arma mais poderosa para todos os males que afligem qualquer povo. Um sistema educacional de qualidade, que forme e não apenas informe, e que seja amplamente acessível. Para isso, precisamos de um Estado que valorize a educação e os educadores. Precisamos de mais professores, de bons professores motivados, valorizados e prontos para exercerem o seu papel de agente transformador (inspirador etc). Mas antes, precisamos dar condições para que o povo brasileiro possa aprender não apenas conhecimento técnico ou científico, mas aprender a aprender, aprender a conviver em sociedade e a respeitar regras; sim, aprender a agir com ética e pensar coletivamente.
E para que essas condições existam precisamos urgentemente de uma profunda reforma nas entranhas do nosso país. Não apenas a tão citada e cada vez mais remota reforma política, ou as tão sonhadas reformas agrária ou universitária. Precisamos de uma reforma nacional geral, uma de princípios. Mas debater a reforma política no Brasil de forma dissociada da reforma de valores é querer tratar uma doença grave medicando seus sintomas. Para isso será necessário que nossos eleitos na maioria: (1) ajam com ética, (2) priorizem os interesses coletivos em detrimento dos individuais ou partidários e (3) tenham sensibilidade para os problemas sociais que afetam o nosso país. - Pouco disso temos agora. Portanto devemos buscar um tipo de reforma que reforme a si mesma, por exemplo, uma reforma política que melhore a qualidade dos próprios políticos. E que seu sucesso seja medido pela redução da corrupção, pelo aumento do compromisso com a coisa pública e pelo aumento consequente da eficiência do Estado. Sim uma reforma que se meça pela diminuição da "gersonificação" do brasileiro; que essa reforma promova então "levar vantagem, mas para todos". Certamente quando se melhorar os princípios pessoais, via uma educação melhor, Lei no Brasil não será uma questão de moda. Nesse Brasil reformado esperamos melhores Leis, esperamos melhores interpretações das Leis, esperamos punições e responsabilização de culpados. Mas é impossível não retornar ao cerne, já que para tudo isso precisamos de um povo educado. Daí emergirão poderes nacionais valorosos: um executivo atuante e idôneo, um judiciário ágil e justo, e um legislativo capaz de produzir as Leis que precisamos e que possa cortar sua própria carne. Concidadãos, temos que empreender a maior das reformas: a reforma das pessoas desse pais.
Ela alicerçará a democracia que produzirá o país que queremos (e então mereceremos). E o caminho, esse, já foi apontado há meio século pelo grande brasileiro, Anísio Teixeira: "Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a escola pública" (de qualidade).
Fernando Buarque
Professor
Pesquisador da Universidade de Pernambuco e Doutor em Inteligência Artificial (pelo Imperial College London).
Hugo Serrano
Pesquisador do CIRG/UPE
Mestre em Engenharia de Computação e Engenheiro de Redes da Escola Politécnica da UPE.

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