6 de dezembro de 2011

Mapa da Violencia 2011

Forças de Segurança combatem onda de violência no DF

Por Jehyra M. Asencio
05/12/2011
BRASÍLIA – Ruas por onde não se anda à noite. Lugares onde não se estacionam carros. Locais onde as forças de segurança são invisíveis.
Pelas ruas cuidadosamente planejadas da capital do Brasil, as famílias não se sentem mais seguras dentro de suas próprias casas e começa-se a obsevar um aumento do uso de cercas eletrificadas e outros equipamentos de segurança caros.
Isso porque, nos últimos anos, as atividades criminosas no país, tradicionalmente associadas às megacidades – como homicídios, sequestros, roubos, assaltos públicos e tráfico de drogas – espalharam-se das principais áreas metropolitanas para cidades menores, a centenas de quilômetros da costa.
Entre 1998 e 2008, o número de homicídios no Brasil saltou de 41.950 para 50.113, um aumento de 17,8%, de acordo com o Mapa da Violência 2011: Jovens do Brasil, elaborado pelo Instituto Shangari, um grupo de reflexão com sede em São Paulo, em parceria com o Ministério da Justiça.
Drogas que se deslocam para o interior
“Até os anos 90, a violência no Brasil concentrava-se em regiões metropolitanas altamente populosas como São Paulo, Rio de Janeiro ou Pernambuco”, disse Julio Jacobo Waiselfisz, que desde 1980 atua como diretor de Pesquisa do Instituto Shangari. “Depois disso, porém, as cidades do interior começaram a oferecer incentivos fiscais para trazer investimentos e a mão de obra barata atraída pela relativa estabilidade da economia. Com o tempo, essas cidades tornaram-se o alvo perfeito para o mercado das drogas e para a ascensão da criminalidade.”
Em 1999, o então presidente Fernando Henrique Cardoso e José Gregori, ministro da Secretaria de Direitos Humanos, criaram o Plano Nacional de Segurança Pública, hoje conhecido como o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).
“Um dos principais objetivos do programa é o efetivo combate a estes dois problemas, o crime organizado e o tráfico de drogas, frequentemente inseparáveis”, enuncia o decreto de 2000 que estabeleceu o Pronasci. “As organizações criminosas têm poder econômico e a capacidade de corromper, o que constitui uma séria ameaça à sociedade e às nossas instituições democráticas.”
Como parte do Pronasci, as autoridades estabeleceram várias novas estratégias, tais como a “Operação Tolerância Zero” e a “Guerra contra o Crack”.
A Violência no Distrito Federal
O Distrito Federal tem 24 regiões administrativas, incluindo Brasília, a capital do país. Essas regiões “são melhor compreendidas como bairros, uma vez que não possuem prefeitos eleitos e votam para governador do Distrito Federal”, explica Arthur Maranhão Costa, coordenador do laboratório de pesquisas Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança (NEVIS), da Universidade de Brasília.
Costa possui uma vasta publicação sobre a violência no Distrito Federal e publicou em 2004 um estudo sobre as reformas da polícia de Nova Iorque e do Rio de Janeiro.
Essas “cidades-satélite”, como são popularmente conhecidas, têm taxas de homicídios muito altas mas que não têm variado muito nas últimas duas décadas. O que mudou drasticamente para pior ocorreu nas cidades do entorno; hoje, o Distrito Federal é o 6º estado com mais homicídios, de acordo com o Mapa da Violência.
Sandro Avelar, o novo secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, disse que enfrentar o tráfico de drogas é sua maior prioridade, em parte porque o aumento no fornecimento local de crack fez com que o crime crescesse vertiginosamente.
Queima de drogas em Brasília
No final de setembro, Avelar participou da maior incineração de drogas na história de Brasília. As quase 3 toneladas de crack, cocaína, maconha, LSD e haxixe apreendidas pela Polícia Civil nos últimos 12 meses viraram fumaça. Essa fogueira fez parte da Semana de Prevenção do Uso de Drogas.
Em outubro, o secretário coordenou, juntamente com os ministérios de Segurança, Desenvolvimento Social, Educação, Esporte, Saúde e Justiça, um fórum de combate ao crack para as forças de segurança brasileiras.
Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal , afirmou em nota à imprensa que desde setembro – com o lançamento da Operação Tolerância Zero – “a polícia e as forças militares prenderam mais de 1.000 indivíduos em três regiões administrativas: Brasília, Ceilândia e Taguatinga”. Desde que Queiroz assumiu o governo, 600 policiais militares foram contratados e estão previstos até dezembro mais 1.300 novos policiais militares atuando nas ruas.
Some-se a isso dois novos helicópteros adquiridos pelo Batalhão de Aviação Operacional e seis ônibus que foram equipados com um sistema moderno e inteligente chamado Comando Móvel. “Em suma, houve uma injeção de mais de R$ 40 milhões na Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil”, acrescentou o governador.
O Brasil é líder mundial em homicídios
Embora o governo venha tomando medidas para reprimir o crime e garantir a segurança pública, o Brasil ainda lidera as estatísticas como um dos países mais violentos da América Latina. Em 2011, de acordo com estudo do UNODC, o Brasil – com uma população de 195 milhões de habitantes – foi o líder mundial em número total de homicídios (43.909), superando inclusive a Índia, que ano passado registrou 40.752 assassinatos, a despeito de sua população bem mais numerosa de mais de um bilhão.
Um dos principais fatores para isso é a proximidade do Brasil com países produtores de drogas, como Bolívia, Colômbia e Peru. Outro fator é a cultura da violência que o país tem sustentado por mais de meio século.
O Dr. Weiselfeiz, do Instituto Sangari, disse que “não é a arma que mata, mas o homem, e é essa cultura de extermínio que precisamos acabar, agora que temos a chance. As melhores ferramentas são os programas educacionais direcionados a adolescentes e jovens adultos, que são os mais afetados.”

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