Decisão da mudança veio após crítica de que documento usava muitos dados de governo
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
O quinto relatório produzido pelos 4.000 cientistas do IPCC, o painel do clima da ONU, será mais "científico" do que os anteriores.
Cerca de 90% das fontes do documento serão artigos de revistas científicas. Os outros 10% serão compostos por informações da "literatura cinza": por exemplo, dados governamentais não publicados em periódicos científicos.
A informação é do físico da USP Paulo Artaxo, um dos 17 cientistas brasileiros membros do IPCC. Ele falou com a Folha em um evento recente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo) sobre o clima.
"Não sabemos como são coletados os dados da literatura cinza. Usando dados científicos, a credibilidade do documento aumenta", disse.
"Não temos como afirmar isso, mas dados do governo podem estar enviesados."
A decisão da mudança na metodologia aconteceu após crítica internacional de que o IPCC abusava da literatura cinza -cerca de 40% do total- nos seus documentos.
No quarto relatório do IPCC, publicado em 2007, os cientistas-membros foram acusados de ter incluído declarações sem bases científicas sobre o derretimento das geleiras do Himalaia.
Isso abalou a credibilidade do documento, que é usado como base para políticas mundiais de desenvolvimento sustentável.
A próxima versão "rascunho" do quinto relatório deve estar disponível em agosto. Mas a versão final do documento deve ser publicada somente a partir de 2013.
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