28 de março de 2012

Rússia mobiliza-se para melhorar a sua reputação na área da educação



28/03/2012
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Após a divulgação da notícia, neste mês, de que nem uma só universidade russa conseguiu fazer parte da lista do The Times Higher Education das 100 instituições de ensino superior de melhor reputação acadêmica, o ministro da Educação, Andrei Fursenko, afirmou que a Rússia está em meio a um processo para a criação do seu próprio sistema de classificação de universidades.
Uma fuga de capital humano da Rússia tem feito com que os cérebros mais brilhantes do país sigam para o Ocidente, enquanto o problemático sistema educacional russo luta para encontrar o seu lugar no mundo pós-soviético. A divulgação de cada nova lista de classificação gera desalento devido à predominância dos Estados Unidos e à ascensão da China, ambos pedras no sapato e modelos para a Rússia.
"A Rússia tem realizado alguns debates internos sobre a sua comunidade acadêmica", disse, em uma entrevista por telefone, de Londres, Phil Baty, editor da classificação de universidades feita pelo Times Higher Education. "Eles estão sofrendo uma fuga terrível de capital humano, e existe também o temor de que a comunidade acadêmica russa esteja isolada. Algumas universidades são bastante notáveis, mas elas também enfrentam problemas, e tudo diz respeito a recursos financeiros".
Fursenko disse à agência de notícias Interfax que a classificação é um "instrumento de batalha competitiva e influência" e que ela não deveria ser monopolizada. Segundo ele, a Rússia está trabalhando com especialistas internacionais para criar o seu próprio sistema de classificação de universidades "internacional e universalmente reconhecido", anunciou neste mês a Interfax. Dois dias antes, o chefe de gabinete do Kremlin, Sergei Ivanov, afirmou que a Rússia criará o seu próprio sistema de classificação de corrupção.
O sistema de classificação por reputação institucional do Times Higher Education baseia-se nas respostas de mais de 17 mil acadêmicos, escolhidos em parte segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) relativos à distribuição geográfica de professores universitários pelo mundo.
Já em fevereiro de 2011, o primeiro-ministro Vladimir Putin pediu a Fursenko e ao seu ministério que elaborassem o seu próprio sistema de classificação de universidades estrangeiras. "É preciso que se saiba que certos especialistas acreditam que esses sistemas de classificação ocidentais são, na verdade, um instrumento para aumentar a competitividade dessas universidades no mercado de trabalho", afirmou Putin durante a reunião com Fursenko, onde eles falaram sobre uma lei que permitiria que diplomas de universidades estrangeiras fossem reconhecidos na Rússia. "É por isso que nós precisamos ter muito cuidado em relação a esses dados, e criar o nosso próprio método objetivo para avaliar a qualidade da educação recebida pelos alunos formados nessas universidades".
Em agosto do ano passado, Putin prometeu 70 bilhões de rublos, o equivalente a US$ 2,38 bilhões, para a inovação da educação superior na Rússia nos próximos cinco anos. Os russos ficam muito ofendidos com qualquer crítica à Universidade Estatal de Moscou "M.V. Lomonosov" (MGU). Ela foi fundada no século 18 por Mikhail Lomonosov, que é considerado o Leonardo da Vinci russo. O prédio alto da era stalinista, que é a principal instalação da universidade, é um dos marcos da capital russa, sendo visível a quilômetros de distância. A ampla universidade funciona como uma mistura de Universidade Harvard, Instituto de Tecnologia de Massachusetts e Universidade de Cambridge em uma única instituição.
Viktor Sadovnichy, o reitor da Universidade Estatal de Moscou, declarou ao jornal moscovita "Nezavisimaya Gazeta" que a universidade ficou mal classificada porque a qualidade da pesquisa feita nas universidades foi mais valorizada do que o ensino. Mas ele disse que a queda anual foi muito drástica.
Segundo Sadovnichy, isso se deveu ao fato de os entrevistados terem se deparado com um novo questionário. Sadovnichy disse ao jornal que a única questão mencionada na metodologia descrita no website do The Times Higher Education foi "para qual universidade você enviaria os seus alunos de graduação mais talentosos para que eles contassem com a melhor supervisão em um programa de pós-graduação?". De acordo com ele, isso fez com que as universidades russas tivessem uma desvantagem imediata já que não existe uma categoria oficial de "pós-graduação" na Rússia.
Em 2009, o governo russo escolheu um grupo de universidades de pesquisas para receber um pacote de verbas e materiais para desenvolvimento, algo que a China fez anos atrás, diz Martin Gilman, que foi diretor da representação do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moscou na década de noventa e que desde 2006 é o diretor do Centro de Estudos Avançados da Escola Superior de Economia. "Os indivíduos envolvidos com educação superior enfrentam um formidável desafio nesse país, já que o peso morto do passado é enorme", afirma Gilman.

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