14 de setembro de 2016

A educação sexual que não funciona


Os jovens de 13 a 15 anos estão se protegendo menos na hora do sexo, conclui uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada. Nos últimos três anos houve uma pequena queda do número de estudantes dessa faixa etária que já tinham feito sexo. Em contrapartida, foi detectado um aumento preocupante dos que não usaram camisinha em sua última relação sexual.
Em 2012, 29% já tinham experimentado o sexo e 75% usaram preservativo em sua última relação sexual. Em 2015, 28% já tinham feito sexo, mas apenas 66% se protegeram. Ou seja, um terço dos jovens se expôs aos riscos do sexo sem proteção, como gravidez precoce e doenças transmitidas pelo sexo (DSTs), incluindo a aids, causada pelo vírus HIV. A terceira edição da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense) entrevistou 102.301 alunos do 9o ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas de todo o país, uma amostra de um universo de mais de 2,6 milhões de alunos dessa série. As informações foram publicadas pelo jornal Estado de S. Paulo.
A pesquisa confirma tendências verificadas nas edições anteriores (de 2009 e 2012), que mostram uma diferença importante de comportamento sexual entre garotos e garotas e, também, entre alunos das redes pública e privada. Entre os meninos, 36% contaram que já tinham feito sexo. Já entre as meninas, a fatia é de 19,5%. Dos alunos da rede pública, 30% já tinham experiência sexual, proporção que cai para 15% dos alunos da rede privada. Mas a tendência a usar menos camisinha foi comum. Tanto garotos como garotas, das escolas públicas ou privadas, empatam em cerca de 33% que não se protegeram no último contato sexual. A pesquisa revela que o problema não é falta de informação. Nove em cada dez alunos aprenderam sobre prevenção das DSTs e 80% sobre como evitar gravidez na adolescência. Quase 70% sabiam onde conseguir preservativos gratuitamente, sendo que, nesse quesito, os alunos da rede pública são mais bem informados.
De forma inédita, a Pense divulgou dados que mostram que cerca de 4% dos alunos (3,7% dos meninos e 4,3% das meninas) já sofreram alguma forma de abuso sexual. A violência sexual atingiu 4,4% dos alunos das escolas públicas e 2% dos alunos das escolas privadas. Os números reforçam a importância de repensar a educação sexual dada nas escolas. Embora os alunos estejam informados, o conhecimento “técnico” parece não se incorporar à prática. Isso revela que, para além da biologia, é importante enfrentar temas como consentimento, violência, efeitos da paixão e das emoções na prevenção, expectativas, projeto de vida e autoestima. Essas discussões se mostram ainda mais urgentes entre os alunos das escolas públicas.

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