29 de setembro de 2016

Estudos científicos embasam oferta de artes e educação física na escola


Editoria de Arte/Folhapress
Dedicar-se a uma atividade artística –seja tocar piano ou aprender técnicas de escultura– faz uma pessoa ficar mais inteligente e melhorar seu desempenho em outras disciplinas, como matemática e redação. Praticar uma atividade física, além de melhorar coordenação motora e aumentar a sociabilidade, diminui drasticamente a incidência de doenças como diabetes, obesidade, câncer e acidentes cardiovasculares.
Na última semana, o governo Michel Temer (PMDB) editou uma medida provisória que eliminava a obrigatoriedade das disciplinas de artes e de educação física no ensino médio. Apesar de a iniciativa abrir espaço na grade horária para a especialização do currículo, não faltaram críticas –com embasamento científico– ao governo, que recuou e afirmou que a obrigatoriedade permanecerá na primeira metade do ensino médio.
No mundo, mais da metade dos jovens pratica menos que o recomendado de cinco horas semanais de atividades físicas moderadas a intensas, fato que se repete no Brasil –remover a educação física do rol de disciplinas poderia ser considerado um desincentivo à melhoria desse panorama.
Na Convenção Internacional de Ciência, Educação e Medicina Esportiva, que aconteceu em Santos (SP) no início do mês, um dos destaques foi a discussão e o consenso entre especialistas de que crianças que têm experiências satisfatórias com o movimento do corpo no início da vida tendem a ser ativas mais adiante na vida adulta.
O desejo dos especialistas é que haja um aumento da oferta de atividades físicas, e a disciplina de educação física seria um mecanismo responsável por essa transformação.
Não só a obesidade, mas também a inatividade física é causadora de doenças. Além de patologias musculares e dos ossos, a lista de possíveis consequências abrange câncer de intestino e de mama, diabetes tipo 2, infarto e acidente vascular cerebral.
O impacto econômico da inatividade nos sistemas de saúde em todo o mundo foi calculado em US$ 53,8 bilhões por uma pesquisa publicada na revista "The Lancet". Outro estudo da revista já havia calculado que 5 milhões de pessoas morrem anualmente por falta de exercício físico.
ARTE PELA ARTE
Se menos traumática para a saúde física, talvez a retirada da obrigatoriedade do ensino de artes possa ter impacto importante não só na formação cultural, mas também no aprendizado de outras disciplinas.
Um estudo mostrou que crianças entre nove e dez anos que tiveram de pensar e raciocinar a respeito de um quadro que eles observavam melhoraram a capacidade de entender imagens científicas –a conclusão é a de que o processo mental de visualização gerado seria semelhante nas duas tarefas.
Um dos problemas que a área enfrenta já há alguns anos é a falta de uma metodologia adequada para a avaliação no impacto da dedicação à disciplina, e também a falta de pessoas interessadas em fazer esse tipo de estudo.
Para amenizar esse problema, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) se dedicou a explorar o que poderia ir além da não tão convincente justificativa de somente estudar "arte pela arte". Um relatório foi produzido em 2013.
Uma das correlações mais curiosas é aquela entre a prática de modalidades artísticas (como teatro, música e dança) e melhores resultados em exames escolares.
O problema é estabelecer a relação causa-efeito. Esse tipo de evidência aparece com nitidez, por exemplo, em relação aos benefícios das artes dramáticas para a compreensão e redação de textos.
Além de oferecer o contato com uma possível área de profissionalização, a OCDE diz acreditar que "a felicidade dos indivíduos será maior em países onde a arte tem um papel proeminente nas escolas", apesar de não haver um estudo que aborde exatamente essa questão.
A entidade também elege a arte como a melhor maneira de fomentar a criatividade, competência hoje muito buscada em profissionais por causa da capacidade de inovar e de achar soluções não usuais para toda sorte de problemas. 

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