25 de junho de 2011

Delegacias sem delegados

25 de junho de 2011
 Gazeta do Povo | Opinião | PR
Uma das formas de conseguir frear a escalada de violência no Paraná é ter condições de dar andamento e desfecho aos casos que são registrados nas delegacias. Mas o reduzido número de delegados no estado é um dos fatores que dificultam o combate à criminalidade em terras paranaenses. Sem os investimentos necessários para ampliar a estrutura da polícia, seja em equipamentos tecnológicos de última geração, seja no contingente, as consequências são previsíveis: crescimento nos índices de violência, aumento do sentimento de impunidade e a descrença da população sobre a capacidade de o estado prestar o serviço de segurança pública.
Uma matéria publicada pela Gazeta do Povo na quarta-feira mostrou que dois terços dos municípios paranaenses não possuem delegados de polícia. É um dos estados com a pior relação de delegado por município no país. A título de exemplo, enquanto o Rio de Janeiro tem 5,7 delegados por município, e São Paulo, 5,1, o Paraná tem 0,9 profissionais por cidade. São 361 para atender os 399 municípios paranaenses. Dado o reduzido quadro, é comum que um único delegado acabe cuidando de até quatro cidades ao mesmo tempo, o que torna impraticável realizar investigações adequadas, acarretando em crimes sem solução.
Também há defasagem de profissionais nas demais funções da Polícia Civil. Nos últimos dez anos, o número total de policiais o que inclui, além de delegados, escrivães, investigadores e papiloscopistas caiu em 5,8%, passando de 3.931 em 2000, para 3.700, em 2010. Esse quadro está se tornando preocupante, principalmente quando os dados de violência e criminalidade no estado são analisados.
Em fevereiro deste ano, o Ministério da Justiça e o Instituto Sangari divulgaram o Mapa da Violência , que indicou que entre 1998 e 2008 houve um crescimento de 84,9% no índice de homicídios ocorridos em território paranaense. Em 1998, o estado apresentava 17,6 homicídios para cada 100 mil habitantes. Dez anos depois, o índice saltou para 32,6. Na comparação entre as capitais, Curitiba ficou na frente do Rio de Janeiro, com a taxa de homicídios subindo 148,6% em dez anos. Em 1998, eram 22,7 para cada 100 mil habitantes. Em 2008, 56,5.
Caso não se adote uma política clara para a melhoria da segurança pública no estado, a escalada da violência ocorrida na última década pode ficar ainda mais acentuada. Um dos componentes necessários para evitar que isso aconteça certamente será ampliar o número de profissionais da carreira policial.
É claro que a ampliação do contingente da segurança pública não pode ser considerada uma solução mágica para os problemas de violência no Paraná. Outras medidas são necessárias, como o mapeamento das atividades criminosas, a transparência na divulgação de estatísticas e o desenvolvimento de técnicas de investigação e inteligência. Mas, para tudo isso, é necessário efetivo policial. Profissionais, em número suficiente e qualificados, sempre farão parte da solução.

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