27 de junho de 2011
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Por LIAM STACKKHIRBET AL JOUZ, Síria - Jamil Saeb olhava atentamente para a tela do laptop. Ele estava editando vídeos com mensagens contrárias ao governo em uma espécie de campo de refugiados.
O ar era grosso por causa da fumaça de cigarro dentro do barraco de concreto que ele e seus amigos transformaram em um centro da mídia revolucionária, uma sala vazia cujo chão está coberto de colchões espalhados, com câmeras digitais, laptops, modems e um emaranhado de cabos sobre eles.
Há poucas testemunhas estrangeiras do levante popular contra o domínio de 40 anos da família Assad na Síria, que se desenrolou por trás de um apagão da internet e dos esforços para impedir a atuação dos jornalistas no país.
O mundo depende em grande parte dos vídeos on-line sobre os protestos e sobre a repressão estatal para ter acesso a informações. Ativistas dizem que a violência do governo deixou até agora mais de 10 mil presos e mais de 1.300 mortos.
Muitos desses vídeos são disponibilizados por esse centro de mídia perto da fronteira com a Turquia, lugar em que uma dúzia de revolucionários trabalha, come e dorme. "Nós tentamos documentar todos os crimes cometidos pelo governo para mostrar à mídia global", disse Saeb, 34, que fugiu para a Turquia depois de as forças de segurança atacarem sua cidade natal, al Jisr Shoughour.
É uma missão arriscada, que exige um mínimo de habilidade técnica e uma enorme quantidade de informações sigilosas. Em meados de junho, três dos seus colegas desapareceram durante as gravações de uma operação militar no vilarejo de Al Sarmaniyah.
"Nós temos que nos esconder, pois as forças de segurança sírias nos consideram terroristas", disse Saeb. "Eles acham que nós somos como era Osama bin Laden."
Seu trabalho é parte de uma rede construída no YouTube e em canais de grupos no Facebook, com nomes como "SyrianRevolution", que ajudou a transmitir a agitação histórica do seu país para o mundo. Em meados de junho, os ativistas tinham carregado mais de 250 vídeos para seu canal no YouTube, o "Freedom4566", material exibido mais de 220 mil vezes.
Escondendo-se atrás de janelas fechadas, becos escuros ou no alto de colinas em cidades sitiadas, os ativistas conseguem gravar vídeos das forças de segurança em atos de repressão no norte do país. "É como assistir ao vivo a ação violenta do governo", disse Saeb.
Para muitos, as câmeras começaram a ser utilizadas no início do movimento de protesto em meados de março. Saeb costumava gravar os protestos e fazer a transmissão do vídeo usando um modem dial-up. Há algumas semanas, ele perdeu os serviços de internet quando o governo decidiu cortá-los.
Ele e os outros resolveram partir para a zona de fronteira com a Turquia. As pessoas estão mais propensas a falar turco do que árabe, e os celulares são mais propensos a captar um sinal da Turkcell do que da Syriatel, uma gigante das telecomunicações de propriedade até recentemente de Rami Makhlouf, primo do ditador Bashar Assad. Semanas atrás, a Syriatel cortou o serviço móvel da internet 3G.
Muhammad, 27, que não quis ser identificado, está fugindo há várias semanas, desde que abandonou seu trabalho de cinegrafista e técnico da rede de TV estatal. Ele quer compensar os anos que passou trabalhando em uma emissora que ele diz ser uma "ameaça à vida das pessoas", ignorando a violência contra os manifestantes e culpando-os pelas mortes dos soldados.
"A mídia síria mente, mente, mente", afirmou ele. "Eu tive que deixar meu trabalho para proteger o povo sírio, aqui no vale e em qualquer outro lugar do meu país."
Colaborou Daniel Etter
O ar era grosso por causa da fumaça de cigarro dentro do barraco de concreto que ele e seus amigos transformaram em um centro da mídia revolucionária, uma sala vazia cujo chão está coberto de colchões espalhados, com câmeras digitais, laptops, modems e um emaranhado de cabos sobre eles.
Há poucas testemunhas estrangeiras do levante popular contra o domínio de 40 anos da família Assad na Síria, que se desenrolou por trás de um apagão da internet e dos esforços para impedir a atuação dos jornalistas no país.
O mundo depende em grande parte dos vídeos on-line sobre os protestos e sobre a repressão estatal para ter acesso a informações. Ativistas dizem que a violência do governo deixou até agora mais de 10 mil presos e mais de 1.300 mortos.
Muitos desses vídeos são disponibilizados por esse centro de mídia perto da fronteira com a Turquia, lugar em que uma dúzia de revolucionários trabalha, come e dorme. "Nós tentamos documentar todos os crimes cometidos pelo governo para mostrar à mídia global", disse Saeb, 34, que fugiu para a Turquia depois de as forças de segurança atacarem sua cidade natal, al Jisr Shoughour.
É uma missão arriscada, que exige um mínimo de habilidade técnica e uma enorme quantidade de informações sigilosas. Em meados de junho, três dos seus colegas desapareceram durante as gravações de uma operação militar no vilarejo de Al Sarmaniyah.
"Nós temos que nos esconder, pois as forças de segurança sírias nos consideram terroristas", disse Saeb. "Eles acham que nós somos como era Osama bin Laden."
Seu trabalho é parte de uma rede construída no YouTube e em canais de grupos no Facebook, com nomes como "SyrianRevolution", que ajudou a transmitir a agitação histórica do seu país para o mundo. Em meados de junho, os ativistas tinham carregado mais de 250 vídeos para seu canal no YouTube, o "Freedom4566", material exibido mais de 220 mil vezes.
Escondendo-se atrás de janelas fechadas, becos escuros ou no alto de colinas em cidades sitiadas, os ativistas conseguem gravar vídeos das forças de segurança em atos de repressão no norte do país. "É como assistir ao vivo a ação violenta do governo", disse Saeb.
Para muitos, as câmeras começaram a ser utilizadas no início do movimento de protesto em meados de março. Saeb costumava gravar os protestos e fazer a transmissão do vídeo usando um modem dial-up. Há algumas semanas, ele perdeu os serviços de internet quando o governo decidiu cortá-los.
Ele e os outros resolveram partir para a zona de fronteira com a Turquia. As pessoas estão mais propensas a falar turco do que árabe, e os celulares são mais propensos a captar um sinal da Turkcell do que da Syriatel, uma gigante das telecomunicações de propriedade até recentemente de Rami Makhlouf, primo do ditador Bashar Assad. Semanas atrás, a Syriatel cortou o serviço móvel da internet 3G.
Muhammad, 27, que não quis ser identificado, está fugindo há várias semanas, desde que abandonou seu trabalho de cinegrafista e técnico da rede de TV estatal. Ele quer compensar os anos que passou trabalhando em uma emissora que ele diz ser uma "ameaça à vida das pessoas", ignorando a violência contra os manifestantes e culpando-os pelas mortes dos soldados.
"A mídia síria mente, mente, mente", afirmou ele. "Eu tive que deixar meu trabalho para proteger o povo sírio, aqui no vale e em qualquer outro lugar do meu país."
Colaborou Daniel Etter
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