Editorial do jornal Correio Braziliense , 24/06/2011 Os ciberataques ao coração do poder brasileiro surpreendem pela ousadia e domínio técnico. Na quarta-feira, piratas virtuais investiram contra os sites da Presidência da República, da Receita Federal e da Petrobras. O Portal Brasil, que congrega as informações do governo, também foi alvo de agressão. Atacadas por robôs, as páginas saíram do ar durante a madrugada. Gilberto Paganatto, presidente do Serpro, assegura que não houve quebra de segurança nem obtenção de dados sigilosos. A ação dos hackers, segundo ele, resumiu-se a ensaios de congestionamento dos sites feitos por robôs, que obtiveram e clonaram endereços de provedores do exterior. Em menos de uma hora, registraram-se 340 milhões de tentativas de acessos simultâneos - número muito superior ao normal. A Itália serviu de ponto de partida. Ataques cibernéticos não constituem exclusividade do Brasil. Sites que, até o ano passado, eram sinônimo de segurança serviram de alvo. A Serious Organised Crime Agency, órgão do governo britânico de combate ao crime organizado, teve a página tirada do ar. Os portais da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, e do Senado dos Estados Unidos receberam visitas de webpiratas. A rede PlayStation Network, da Sony, foi invadida. Aproximadamente 1,3 milhão de dados de usuários (número e senha de cartões de crédito) caíram em mãos indesejáveis. Sem dúvida, a internet virou o mundo pelo avesso. Transformações impensáveis até duas décadas atrás se tornaram realidade. É natural que ações bandidas ganhem o espaço virtual. Devem-se aperfeiçoar sistemas de bloqueio para evitar os crimes cibernéticos, em particular, a invasão de hackers na rede mundial. Até agora, as ferramentas usadas para localizar os piratas não produziram resultados. Quanto aos crimes virtuais, estão todos previstos na legislação penal. Entre eles, calúnia, difamação, injúria, divulgação de segredo, furto, dano, apropriação indébita, estelionato e incitação ao crime. A situação é tão complexa e perigosa que a China criou uma base militar para combater ataques. Talvez não seja necessário realizar operações no nível do estamento militar para enfrentar o desafio. Mas é indiscutível a necessidade de criar estruturas adequadas para identificar e punir os criminosos. Trata-se de trabalho que mobilizará ações conjuntas do governo e das instituições privadas, sabendo-se que a iniciativa demandará tempo considerável. Mas não se obterá êxito sem o esforço conjunto da comunidade internacional. A internet é sistema de comunicação em tempo real presente em todos os países. |
24 de junho de 2011
Piratas virtuais
Postado por
jorge werthein
às
17:38
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