22 de junho de 2011

Violência e educação, por Jorge Werthein* e Miriam Abramovay**


22 de junho de 2011
 Diário Catarinense | Artigos | SC

Uma professora, no mesmo dia do massacre na escola em Realengo, Rio de Janeiro, ameaçou os alunos com a seguinte frase no quadro-negro: "Fiquem quietos, caso contrário, usarei minha AR-15, de 3,5 metro de cano, que está em minha bolsa. A arma é automática...". Na Bahia, policiais encontraram armas em mochilas de estudantes. Em Santa Catarina, direção e professores de uma unidade da rede estadual relatam que um adolescente de 12 anos vem causando transtornos por meio de ameaças e agressões.
Temos, em nossas escolas, violências físicas, verbais, racismo, discriminações, entrada de armas, furtos, violências sexuais, que já fazem parte do cotidiano.
A situação é muito preocupante. Afinal, entre outros problemas, está provado que o chamado clima escolar prejudica o processo de ensino e aprendizagem e torna as escolas mais vulneráveis.
A solução passa pela ação conjunta de familiares, educadores, governo e sociedade civil. E também dos meios de comunicação. Todos têm sua parcela de contribuição para a formação de meninos e meninas, adolescentes e jovens dentro e fora do ambiente escolar. Os projetos de convivência escolar podem vir a mudar situações de violência e as estratégias de intervenção, ao incluir diagnósticos para conhecer a realidade das escolas e tratar de modificá-la.
Esses projetos precisam sair do papel, de preferência dentro de um espectro mais amplo, que contemple, também, o entorno da escola, famílias, vizinhos, polícia. A violência é um fenômeno globalizado, mas costuma ser mais comum em sociedades desiguais, excludentes, menos comprometidas com princípios éticos.
Assim, enfrentar a violência envolve enfrentar também desigualdades, discriminações, arbitrariedades, injustiças.
*Doutor em Educação, ex-representante da Unesco no Brasil **Socióloga, pesquisadora

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