6 de dezembro de 2011

Pesquisa: estudantes tiveram notas melhores com transferência de renda


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RIO - Lançado em dezembro de 2010, o programa de transferência de renda Família Carioca, que beneficia 421 mil pessoas (18% da população do município do Rio), sendo 108 mil alunos da rede municipal de educação, virou objeto de pesquisa na Fundação Getulio Vargas (FGV). O estudo "Programa Família Carioca: visão geral e impactos monetários & impactos de incentivos sobre a vida escolar", realizado pelo pesquisador Marcelo Neri, aponta os erros e acertos do programa.
— O Família Carioca usa o cadastro único do Bolsa Família e, por isso, os beneficiados são aqueles que já recebem dinheiro do governo federal. No entanto, trabalha de maneira diferente: demanda frequência escolar de 90%, avalia os alunos a cada dois meses e oferece um prêmio extra aos que têm boas notas em português, matemática e ciências, e aos que melhoram suas médias. Também obriga os pais a irem à escola uma vez a cada dois meses — disse Neri.
Ele lembrou que o cálculo do benefício, que pode chegar a R$ 108 por aluno, leva em conta a escolaridade dos pais, a defasagem idade-série e até se a moradia da família está numa área com ou sem saneamento:
— É para beneficiar aqueles que são os mais pobres dos pobres. Analisamos o impacto dos dois programas na redução da pobreza e vimos que é de 72%. Se levarmos em conta só o Família Carioca, o impacto fica em 46%. Por ano, são gastos R$ 130 milhões.
O levantamento da FGV traçou ainda um retrato dos beneficiados: 80% estão em famílias de três a cinco pessoas; e 42,34% dos responsáveis por essas famílias estão fora do mercado de trabalho. Santa Cruz tem o maior o número de alunos recebendo o Família Carioca.
Segundo Neri, o estudo apontou uma melhora nas notas dos alunos beneficiados em relação aos não contemplados.
— Houve um aumento de 20 décimos nos três primeiros bimestres após a implementação do Família Carioca. Foram avaliados alunos que estão no primeiro ciclo do ensino fundamental, e eles tiveram notas melhores em matemática e ciências. No entanto, em português não houve mudança.
Ainda segundo a pesquisa, mesmo privilegiando os mais pobres, o programa tem deixado de lado uma parcela significativa da população: os órfãos.
— Vamos fazer uma proposta à Secretaria municipal de Educação. A ideia é que o programa tenha uma busca ativa nas escolas, já que o cadastro de todos os alunos existe. Vimos que 20% dos estudantes não beneficiados não moram com as mães, e isso é indicativo de pobreza — disse ele.

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