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Uma violência que vem mascarada na forma de “brincadeira” ganha mais um aliado no seu combate: a Lei n 5.441/2012, que institui campanha permanente de conscientização, prevenção ao bullying escolar, foi sancionada esse mês. O GLOBO-Zona Norte percorreu escolas públicas e particulares da região para saber o que já se tem feito para combatê-lo, já que a prática virou rotina na educação. Segundo uma pesquisa feita pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia), realizada com alunos do ensino fundamental do Rio, 40,5% dos 5.870 entrevistados estão diretamente envolvidos com a violência, como autores ou vítimas dele. Mas é preciso ter cuidado ao determinar o que é bullying, uma vez que o termo está na moda.
De olho no problema, a Secretaria municipal de Educação do Rio intensificará no próximo semestre as ações dos profissionais do núcleo interdisciplinar de apoio às unidades escolares como parte do programa “Rio, estado sem preconceito”. Além disso, novas campanhas elaboradas pela MultiRio estarão em circulação e as escolas públicas terão mais atividades culturais.
— A lei funciona como uma convocação para as escolas abordarem mais o tema em sala de aula. E para a Secretaria de Educação é uma forma de mensurar e monitorar o problema — explica a assistente do núcleo de apoio às unidades escolares da Secretaria de Educação, Kátia Rios.
Na Escola Municipal Ceará, os alunos têm acompanhamento com uma psicóloga uma vez por mês. O método é uma espécie de confessionário em que o jovem pode se sentir mais seguro para relatar os problemas. Já na escola particular Passo a Passo Educação Infantil, onde o aluno é chamado sempre pelo nome e sobrenome, também não é aceitável nenhum tipo de diminutivo com o colega.
— É muito complicado diferenciar o bullying da brincadeira porque depende de como o receptor aceita a brincadeira e de quanto isso causa sofrimento — diz Kátia.
O problema é grave, mas, como aponta a diretora do Colégio Brasileiro de São Cristóvão, Elizabeth Trancoso, é preciso tomar cuidado para não banalizar o termo de origem inglesa que tem sido usado para designar atos de acossamento e intimidação.
— Implicância e deboche? Trabalho há 42 anos em colégio e sempre observei essas formas de preconceitos, ciúmes e inveja. O termo bullying foi importado por nós e, como tudo que vem de fora, causa um rebuliço. Esse termo só veio problematizar e generalizar — afirma Elizabeth.
Segundo o autor da lei, Marcelo Piuí, a melhor maneira de tratar o assunto é por meio de cartilhas com ilustrações adequadas para cada faixa etária.
— A falta de respeito às diferenças é o principal fator dos casos de bullying — ressalta Piuí.
Tormentos sem nenhum benefício
“Quando a criança não fala sobre seus problemas, ela tende a apresentar alterações muito sensíveis de comportamento”, afirma a psicanalista Eucy de Mello.
No Colégio Brasileiro, o diálogo é a principal estratégia de combate ao bullying.
Nos bate-papos de rotina, histórias de implicância e violência com colegas que têm um físico que foge ao padrão (gordinhos, dentuços, orelhudos) são as mais citadas.
— São as mesmas zoações de 40 anos atrás! Infelizmente, isso faz parte do jogo social — ressalta a coordenadora pedagógica Lucia Pimentel.
— É uma questão de bom senso. Não devemos zoar quem não temos intimidade — afirma uma aluna do 9 ano.
— O problema é sério quando há violência física ou humilhação em público — opina um estudante do 8 ano.
— Mas muitas vezes basta um olhar para uma pessoa se sentir humilhada — sugere o coordenador Yolito Neto.
Essas e outras ideias deram origem ao livro “O bullying na visão do jovem”. “Provocações e brincadeiras sem graça só trazem tormentos à vítima e nenhum benefício ao agressor. Diga não ao bullying”, escreveu um aluno do 8 ano.
Uma fase esquecida na maturidade
Quem olha para o físico atlético do servidor público Ricardo Costa, de 30 anos, nem imagina como ele sofreu durante sua infância com apelidos pejorativos que destacavam seu peso, como “Pêra” e “Splash”. A brincadeira afetou seu convívio social na escola, mas ele não se deixou abalar. Hoje, aos 34 anos, incentiva os amigos de infância mais gordinhos a perder peso.
— Eu nunca tirava a camisa quando jogava futebol no colégio. Mas vejo que foi apenas uma fase. Aos 11 anos, comecei a praticar esportes e os apelidos foram se perdendo — diz.
Sinais de quem sofre bullying
Na escola: Isolamento no recreio. Desinteresse nas atividades em grupo. Postura retraída. Rasgos no uniformes e arranhões.
Em casa: Mudanças de humor frequentes e intensas. Diversas desculpas para não ir à escola. Queixas de dores de cabeça e enjoo. Pesadelos e bruxismo. Agressividade com os pais e irmãos ou com o animal de estimação.
De olho no problema, a Secretaria municipal de Educação do Rio intensificará no próximo semestre as ações dos profissionais do núcleo interdisciplinar de apoio às unidades escolares como parte do programa “Rio, estado sem preconceito”. Além disso, novas campanhas elaboradas pela MultiRio estarão em circulação e as escolas públicas terão mais atividades culturais.
— A lei funciona como uma convocação para as escolas abordarem mais o tema em sala de aula. E para a Secretaria de Educação é uma forma de mensurar e monitorar o problema — explica a assistente do núcleo de apoio às unidades escolares da Secretaria de Educação, Kátia Rios.
Na Escola Municipal Ceará, os alunos têm acompanhamento com uma psicóloga uma vez por mês. O método é uma espécie de confessionário em que o jovem pode se sentir mais seguro para relatar os problemas. Já na escola particular Passo a Passo Educação Infantil, onde o aluno é chamado sempre pelo nome e sobrenome, também não é aceitável nenhum tipo de diminutivo com o colega.
— É muito complicado diferenciar o bullying da brincadeira porque depende de como o receptor aceita a brincadeira e de quanto isso causa sofrimento — diz Kátia.
O problema é grave, mas, como aponta a diretora do Colégio Brasileiro de São Cristóvão, Elizabeth Trancoso, é preciso tomar cuidado para não banalizar o termo de origem inglesa que tem sido usado para designar atos de acossamento e intimidação.
— Implicância e deboche? Trabalho há 42 anos em colégio e sempre observei essas formas de preconceitos, ciúmes e inveja. O termo bullying foi importado por nós e, como tudo que vem de fora, causa um rebuliço. Esse termo só veio problematizar e generalizar — afirma Elizabeth.
Segundo o autor da lei, Marcelo Piuí, a melhor maneira de tratar o assunto é por meio de cartilhas com ilustrações adequadas para cada faixa etária.
— A falta de respeito às diferenças é o principal fator dos casos de bullying — ressalta Piuí.
Tormentos sem nenhum benefício
“Quando a criança não fala sobre seus problemas, ela tende a apresentar alterações muito sensíveis de comportamento”, afirma a psicanalista Eucy de Mello.
No Colégio Brasileiro, o diálogo é a principal estratégia de combate ao bullying.
Nos bate-papos de rotina, histórias de implicância e violência com colegas que têm um físico que foge ao padrão (gordinhos, dentuços, orelhudos) são as mais citadas.
— São as mesmas zoações de 40 anos atrás! Infelizmente, isso faz parte do jogo social — ressalta a coordenadora pedagógica Lucia Pimentel.
— É uma questão de bom senso. Não devemos zoar quem não temos intimidade — afirma uma aluna do 9 ano.
— O problema é sério quando há violência física ou humilhação em público — opina um estudante do 8 ano.
— Mas muitas vezes basta um olhar para uma pessoa se sentir humilhada — sugere o coordenador Yolito Neto.
Essas e outras ideias deram origem ao livro “O bullying na visão do jovem”. “Provocações e brincadeiras sem graça só trazem tormentos à vítima e nenhum benefício ao agressor. Diga não ao bullying”, escreveu um aluno do 8 ano.
Uma fase esquecida na maturidade
Quem olha para o físico atlético do servidor público Ricardo Costa, de 30 anos, nem imagina como ele sofreu durante sua infância com apelidos pejorativos que destacavam seu peso, como “Pêra” e “Splash”. A brincadeira afetou seu convívio social na escola, mas ele não se deixou abalar. Hoje, aos 34 anos, incentiva os amigos de infância mais gordinhos a perder peso.
— Eu nunca tirava a camisa quando jogava futebol no colégio. Mas vejo que foi apenas uma fase. Aos 11 anos, comecei a praticar esportes e os apelidos foram se perdendo — diz.
Sinais de quem sofre bullying
Na escola: Isolamento no recreio. Desinteresse nas atividades em grupo. Postura retraída. Rasgos no uniformes e arranhões.
Em casa: Mudanças de humor frequentes e intensas. Diversas desculpas para não ir à escola. Queixas de dores de cabeça e enjoo. Pesadelos e bruxismo. Agressividade com os pais e irmãos ou com o animal de estimação.
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