Gazeta do Povo, 25/7/2012
A proposta que aumenta os gastos públicos com a educação para 10% do PIB em um período de dez anos está em processo de tramitação no Senado Federal. Sem entrar na polêmica, fundamentada na inexistência de recursos disponíveis para investir o dobro na educação pública brasileira, a intenção aqui é demonstrar a crescente relevância que o tema assume, mobilizando diversos atores na busca por mais investimento e qualidade no sistema de ensino nacional.
A proposta que aumenta os gastos públicos com a educação para 10% do PIB em um período de dez anos está em processo de tramitação no Senado Federal. Sem entrar na polêmica, fundamentada na inexistência de recursos disponíveis para investir o dobro na educação pública brasileira, a intenção aqui é demonstrar a crescente relevância que o tema assume, mobilizando diversos atores na busca por mais investimento e qualidade no sistema de ensino nacional.
Partindo para o contexto global, a educação tem sido apontada como a grande saída para os problemas enfrentados atualmente. A erradicação da pobreza, a escassez de recursos naturais, a obsolescência do modelo econômico vigente e a falta de valores que desencadeiam crises em instituições de caráter público ou privado são alguns conflitos crônicos desta era que poderiam ser solucionados com uma formação mais voltada a valores como ética e responsabilidade corporativa.
A Organização das Nações Unidas é uma das instituições que compartilham esse posicionamento. Durante a última Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, o tema foi debatido em inúmeros painéis dentro do Fórum de Sustentabilidade Corporativa, que reuniu mais de mil empresas no Rio de Janeiro. Dentro do mesmo evento, ocorreu o Fórum Global dos Princípios da Educação Empresarial Responsável, que integrou mais de 300 representantes de instituições de ensino do mundo todo. Entre seus resultados, mais de 260 universidades e escolas de negócio assinaram uma declaração se comprometendo a promover a sustentabilidade para seus diversos públicos.
Outra ação digna de nota e que também ocorreu durante a Rio+20 foi a homologação das diretrizes curriculares nacionais para a educação ambiental e para a educação indígena, anunciada pelo ministro Aloizio Mercadante. Por mais que trate apenas de questões ambientais e culturais, deixando de fora outras vertentes importantes da sustentabilidade, a medida garante que crianças e jovens cheguem à universidade mais sensibilizados nestas questões.
Ainda sobre a necessidade de despertar esta consciência, o estudo Rethinking the MBA: Business Education at a Crossroads é outra prova dessa lacuna entre o ensino e a realidade. Desenvolvido pelas principais escolas de negócio do mundo, o documento demonstra a crença, por parte do mercado, de que os currículos dos MBAs estão aquém da demanda no que diz respeito a valores voltados à sustentabilidade.
Assim, é preciso unir diversos fatores para a concretização desta meta. Don Tapscott, coautor de MacroWikinomics, afirma que o investimento em educação é estratégico para o Brasil criar bases sólidas de crescimento. Voltando à questão dos recursos necessários para conseguir educar mais e melhor, Tapscott defende a internet como grande trunfo para ter mais alcance com menos custos.
Finalmente, é preciso rever o método que vem sendo utilizado para ensinar nossos futuros líderes. Cada vez mais é preciso fugir de padronizações e avaliações míopes sobre o ensino brasileiro e buscar o incentivo das características e competências individuais. Mais que aprendizado, nossos estudantes precisam de inspiração para agir, e assim, alcançar o que a Unesco chama de 5.° Pilar da Aprendizagem: Aprender a se transformar e a transformar a sociedade .
Norman de Paula Arruda Filho, presidente do Isae/FGV, é coordenador da Fo rça-Tarefa de Educação do Comitê Brasileiro do Pacto Global.
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