En 20009, en el contexto de la XIX Cumbre Iberoamericana de Jefes de Estado publiqué el siguiente artículo:
Um Erasmus Iberoamericano
Jorge Werthein
Depois da Segunda Guerra Mundial, os líderes europeus deram início a um dos experimentos mais ambiciosos jamais realizados: o processo de integração européia. Apoiando-se na idéia de conseguir uma maior proximidade e interdependência entre os países da região, a tal ponto que uma guerra entre eles fosse inimaginável, esses líderes conseguiram estabelecer um novo ritmo de prosperidade e desenvolvimento no Continente Europeu.
Não obstante, apesar do êxito das ações políticas e econômicas para a integração regional, esses líderes europeus ainda se faziam uma pergunta fundamental: O que fazer para que a cultura de integração, de tolerância e de convivência intercultural não se mantivesse limitada às elites políticas e pudesse chegar efetivamente às populações européias? Ainda que a integração, inicialmente econômica, tenha se estendido até a arena política, depois de um tempo se notou que um projeto verdadeiramente sustentável teria que contar com a integração de “corações e mentes” dos cidadãos europeus, fato sem o qual condenaria todo o processo ao esquecimento.
Procurou-se responder a tal desafio de várias maneiras: eventos culturais continentais, como a eleição anual das “Capitais Culturais da Europa”. Torneios desportivos, fortalecimento das instituições mais próximas das populações, como o Parlamento Europeu. Todas essas ações tiveram grande repercussão e contribuíram para robustecer o sonho de uma Europa integrada.
Contudo, nenhuma delas teve tanto impacto na criação de uma “consciência continental” como um programa inaugurado em 1987 pela Comissão Européia para apoiar o intercâmbio de estudantes universitários.
O programa foi batizado com o nome de Erasmus, em homenagem ao filósofo, teólogo e humanista Erasmo de Roterdã (1465–1536), um ícone da interculturalidade, que viveu e trabalhou em diferentes lugares da Europa, em busca do conhecimento e da experiência que só podiam ser obtidos através do contato com outros países. O Programa Erasmus se baseava em um lema simples: “levar os estudantes a Europa, e levar a Europa aos estudantes”; o que permitiria, por um lado, que os estudantes universitários pudessem passar um período de seus estudos em uma instituição de educação superior em outro país do continente, e, por outro, que se incentivasse a inclusão de temas compartilhados entre os países europeus nos programas de estudo de diversos cursos universitários, de forma a aumentar o conhecimento dos estudantes sobre a Europa. Em 1987, quando se lançou esta idéia, somente 3000 estudantes receberam contribuições para conseguir participar do Programa em 11 países. Quinze anos depois, em 2002, se comemorou o número impressionante de um milhão de estudantes atendidos em 30 nações européias.
É neste momento em que os países da América Latina, sobretudo os que integram o chamado MERCOSUL, estão aperfeiçoando o intercâmbio de experiências em diversas áreas e definindo ações conjuntas no âmbito econômico, nada mais adequado do que investir também num intercâmbio educacional e cultural mais adequado, de forma a fortalecer ainda mais a parceria na região. São nações que têm todas as condições para implementar um programa de intercâmbio no modelo do Erasmus, o que poderia contribuir decisivamente para o desenvolvimento social e econômico da região.
É bom recordar que a diversidade de culturas abre terreno propício aos intercâmbios culturais e ao desenvolvimento das capacidades criadoras que alimentam a vida pública. Nas nossas sociedades, cada vez mais diversificadas, é indispensável garantir uma convivência harmoniosa e estimular a vontade de aprender com as diferentes pessoas e grupos procedentes de horizontes culturais variados. Um “Erasmus” na América Latina teria a vantagem de aproximar os cidadãos da região, reduzindo assim as barreiras, inclusive lingüísticas, entre nossas sociedades vizinhas. As crises que afetam o bloco do MERCOSUL nos últimos anos mostram a necessidade de se aprofundar essa integração. Além disso, seria conveniente impulsionar, nesse sentido, ações conjuntas da América Latina, Espanha e Portugal no cerne das anuais Conferências Ibero-Americanas de Chefes de Estado e de Governo. Como nos ensina a experiência européia, uma das maiores formas de alcançar esse objetivo é investindo nos jovens universitários.
Em termos pessoais, se deve destacar que o intercâmbio de experiência com alunos e professores de outra instituição de ensino, é elemento central para a formação do estudante. Por outro lado, se oferece a possibilidade de desfrutar de um ambiente acadêmico, muitas vezes em instituições de excelência de outros países, o que contribui para o desenvolvimento intelectual do aluno. Também é importante mencionar a possibilidade de intercâmbio com os grandes centros de pesquisa e ensino, permitindo a formação de mão de obra qualificada em todas as regiões. Sem dúvida alguma, todos saem ganhando com uma integração que permita “levar os estudantes aos países da América Latina, e levar a América Latina aos estudantes” e todo este processo, vale dizer, com uma visão ibero-americanista, o que fortaleceria os aspectos comuns de nossas culturas.
Jorge Werthein é Doutor em Educação pela Universidade de Stanford (EUA) e Representante da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil. E-mail: jorge.werthein@unesco.org.br
Me alegra ver que esa idea se está materializando unos años después!
Um Erasmus Iberoamericano
Jorge Werthein
Depois da Segunda Guerra Mundial, os líderes europeus deram início a um dos experimentos mais ambiciosos jamais realizados: o processo de integração européia. Apoiando-se na idéia de conseguir uma maior proximidade e interdependência entre os países da região, a tal ponto que uma guerra entre eles fosse inimaginável, esses líderes conseguiram estabelecer um novo ritmo de prosperidade e desenvolvimento no Continente Europeu.
Não obstante, apesar do êxito das ações políticas e econômicas para a integração regional, esses líderes europeus ainda se faziam uma pergunta fundamental: O que fazer para que a cultura de integração, de tolerância e de convivência intercultural não se mantivesse limitada às elites políticas e pudesse chegar efetivamente às populações européias? Ainda que a integração, inicialmente econômica, tenha se estendido até a arena política, depois de um tempo se notou que um projeto verdadeiramente sustentável teria que contar com a integração de “corações e mentes” dos cidadãos europeus, fato sem o qual condenaria todo o processo ao esquecimento.
Procurou-se responder a tal desafio de várias maneiras: eventos culturais continentais, como a eleição anual das “Capitais Culturais da Europa”. Torneios desportivos, fortalecimento das instituições mais próximas das populações, como o Parlamento Europeu. Todas essas ações tiveram grande repercussão e contribuíram para robustecer o sonho de uma Europa integrada.
Contudo, nenhuma delas teve tanto impacto na criação de uma “consciência continental” como um programa inaugurado em 1987 pela Comissão Européia para apoiar o intercâmbio de estudantes universitários.
O programa foi batizado com o nome de Erasmus, em homenagem ao filósofo, teólogo e humanista Erasmo de Roterdã (1465–1536), um ícone da interculturalidade, que viveu e trabalhou em diferentes lugares da Europa, em busca do conhecimento e da experiência que só podiam ser obtidos através do contato com outros países. O Programa Erasmus se baseava em um lema simples: “levar os estudantes a Europa, e levar a Europa aos estudantes”; o que permitiria, por um lado, que os estudantes universitários pudessem passar um período de seus estudos em uma instituição de educação superior em outro país do continente, e, por outro, que se incentivasse a inclusão de temas compartilhados entre os países europeus nos programas de estudo de diversos cursos universitários, de forma a aumentar o conhecimento dos estudantes sobre a Europa. Em 1987, quando se lançou esta idéia, somente 3000 estudantes receberam contribuições para conseguir participar do Programa em 11 países. Quinze anos depois, em 2002, se comemorou o número impressionante de um milhão de estudantes atendidos em 30 nações européias.
É neste momento em que os países da América Latina, sobretudo os que integram o chamado MERCOSUL, estão aperfeiçoando o intercâmbio de experiências em diversas áreas e definindo ações conjuntas no âmbito econômico, nada mais adequado do que investir também num intercâmbio educacional e cultural mais adequado, de forma a fortalecer ainda mais a parceria na região. São nações que têm todas as condições para implementar um programa de intercâmbio no modelo do Erasmus, o que poderia contribuir decisivamente para o desenvolvimento social e econômico da região.
É bom recordar que a diversidade de culturas abre terreno propício aos intercâmbios culturais e ao desenvolvimento das capacidades criadoras que alimentam a vida pública. Nas nossas sociedades, cada vez mais diversificadas, é indispensável garantir uma convivência harmoniosa e estimular a vontade de aprender com as diferentes pessoas e grupos procedentes de horizontes culturais variados. Um “Erasmus” na América Latina teria a vantagem de aproximar os cidadãos da região, reduzindo assim as barreiras, inclusive lingüísticas, entre nossas sociedades vizinhas. As crises que afetam o bloco do MERCOSUL nos últimos anos mostram a necessidade de se aprofundar essa integração. Além disso, seria conveniente impulsionar, nesse sentido, ações conjuntas da América Latina, Espanha e Portugal no cerne das anuais Conferências Ibero-Americanas de Chefes de Estado e de Governo. Como nos ensina a experiência européia, uma das maiores formas de alcançar esse objetivo é investindo nos jovens universitários.
Em termos pessoais, se deve destacar que o intercâmbio de experiência com alunos e professores de outra instituição de ensino, é elemento central para a formação do estudante. Por outro lado, se oferece a possibilidade de desfrutar de um ambiente acadêmico, muitas vezes em instituições de excelência de outros países, o que contribui para o desenvolvimento intelectual do aluno. Também é importante mencionar a possibilidade de intercâmbio com os grandes centros de pesquisa e ensino, permitindo a formação de mão de obra qualificada em todas as regiões. Sem dúvida alguma, todos saem ganhando com uma integração que permita “levar os estudantes aos países da América Latina, e levar a América Latina aos estudantes” e todo este processo, vale dizer, com uma visão ibero-americanista, o que fortaleceria os aspectos comuns de nossas culturas.
Jorge Werthein é Doutor em Educação pela Universidade de Stanford (EUA) e Representante da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil. E-mail: jorge.werthein@unesco.org.br
Me alegra ver que esa idea se está materializando unos años después!
EDITORIAL
Erasmus latino
El intercambio de profesores y alumnos en el espacio iberoamericano merece todo el apoyo
EL PAÍS 9 DIC 2014 - El País
Se espera que la Cumbre Iberoamericana que se celebra en Veracruz (México) alumbre uno de los proyectos de mayor calado para el futuro de los países que forman parte de esta comunidad: una alianza por la movilidad del talento. Se trata de un ambicioso plan para el intercambio de alumnos, profesores e investigadores entre las universidades del espacio iberoamericano. El propósito es facilitar que unos 200.000 docentes y estudiantes realicen en los próximos cinco años estancias de entre cuatro y seis meses en universidades de otros países.
La iniciativa no puede ser más acertada. La circulación del talento es un poderoso incentivo para el progreso académico y un estímulo para la excelencia educativa. Es también oportuna, dada la difícil coyuntura económica que se prevé para los próximos años. Tras un largo periodo de crecimientos del PIB por encima del 5%, los países latinoamericanos afrontan ahora una desaceleración que está resultando más brusca de lo esperado. En una región donde el 25% de la población tiene entre 15 y 29 años, esa situación debe ser enfrentada con innovación y con más y mejor educación. En los años de bonanza económica ha disminuido la pobreza y ha mejorado —aunque queda mucho por hacer— el nivel educativo de la población. En estos momentos hay más de 20 millones de jóvenes universitarios, y dos de cada tres son los primeros de su familia en acceder a la universidad. Este elevador social y productivo debe protegerse con presupuestos suficientes para la enseñanza y las universidades. Este es el gran reto educativo.
El otro es reducir el elevado grado de desigualdad que todavía persiste y lograr una mayor homogeneidad académica. Del mismo modo que Europa ha aplicado políticas destinadas a garantizar determinados niveles de calidad, sería muy deseable que Latinoamérica caminara hacia una mayor convergencia universitaria.
Por último, y no menos importante, el intercambio universitario es un excelente instrumento —como se ha demostrado en Europa con el programa Erasmus— de refuerzo de la competencia global que estimula otras convergencias, igual que el estrechamiento de lazos entre universidades y empresas.
El éxito del plan dependerá, sin embargo, de que los países reunidos en Veracruz sepan encontrar medios de financiación adecuados. Esa será la prueba clave del éxito de esta importante decisión.
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