5 de junho de 2011

Novo vestibular da USP


Editoriais

Pontos para a USP 

São positivas, ainda que pontuais, as mudanças no vestibular da Universidade de São Paulo (USP). Previstas para valer já no próximo exame, atendem à necessidade de ampliar o grau de exigência para o ingresso na universidade, ao mesmo tempo em que flexibilizam e racionalizam o processo de seleção.
Eleva-se, assim, a nota mínima exigida para que o candidato passe à segunda fase. Das 90 questões, era necessário acertar apenas 22 na primeira fase; o limite passa a 27. Vale dizer que esse mínimo só tem efeito nos casos dos cursos menos procurados; nas carreiras valorizadas, somente com pontuações bem mais altas o vestibulando consegue ser admitido na segunda etapa.
Valoriza-se, de todo modo, a obtenção de melhores resultados na primeira fase. No mesmo sentido, a nota alcançada nesse teste volta a contribuir para a média final do candidato. Diminui, por sua vez, o número de candidatos por vaga na segunda fase. Antes fixado na proporção de três para um, passa a variar conforme o curso.
Em resumo, carreiras menos disputadas tenderão a ter vagas preenchidas por candidatos com melhor formação geral (avaliada na primeira fase), diminuindo a importância relativa de suas habilidades específicas (sobre as quais se concentra a segunda fase).
A questão que persiste, naturalmente, é saber o que se entende por "formação geral" -se a soma total de conhecimentos muitas vezes específicos demais em física, biologia ou geografia, adquiridos de forma massacrante durante a preparação para o exame, ou a capacidade de transitar sem empecilhos básicos pelas áreas que compõem o patrimônio cultural e científico da humanidade.
Outra modificação digna de nota é a que permite ao aluno refazer sua opção de carreira, caso sobrem vagas em determinado curso, mas só depois de publicada a terceira convocação dos aprovados. Procura-se, com isso, atenuar o problema, já comentado neste espaço, da existência de vagas ociosas em algumas das faculdades da USP.
A melhor notícia é a confirmação de que valerá, já no próximo ano, a concessão de um bônus de 15%, na nota da primeira fase, para os alunos formados em escolas públicas. O mecanismo, que tem dado bons resultados, contribui para que, antes privilégio de poucos, o acesso a essa instituição se democratize mais, ao mesmo tempo em que se intensificam, por outras vias, os padrões de exigência que sempre a caracterizaram.

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