25 de outubro de 2012

Educação inclusiva


Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo convivem com alguma forma de deficiência, entre os quais cerca de 200 milhões experimentam dificuldades funcionais consideráveis, segundo o último Relatório Mundial sobre a Deficiência. Mas como lidar com essas diferenças quando falamos em educação? Não é tarefa fácil para os pais a procura por uma escola inclusiva — que aceite não só alunos especiais, mas também mediadoras dentro das salas de aula com direito a avaliações diferenciadas para esses estudantes.
Lucca é um menino de 14 anos com síndrome de Down e que foi aluno da Amora Centro Educacional, no Flamengo, por cinco anos. Agora que ele atingiu a idade limite para estudar na instituição, Simone, sua mãe, enfrenta problemas com o novo colégio do filho, que se diz inclusivo, mas, segundo ela, não está preparado para receber um aluno com necessidades especiais.
— Desde o momento que eu ligo para a escola relato a minha história, não escondo nada. Eu sempre friso que não quero a inclusão apenas na socialização, eu quero a inclusão com o comprometimento pedagógico, eu quero aprendizado. Teve escola que já virou para mim e falou que, se é só para socializar, não tem problema. Na verdade, a socialização é uma consequência de o Lucca estar na escola, mas o principal é ele aprender — diz Simone.
Em 2008, o Ministério da Educação (MEC) publicou um documento normatizando a educação inclusiva e lançando um desafio novo para o sistema educacional: atender numa mesma sala crianças com desenvolvimento normal e aquelas com necessidades especiais. Em 2011, essa lei foi revogada, mas o MEC deixou bem claro seu apoio à causa inclusiva. Antes mesmo da publicação do documento, a Amora Centro Educacional trabalhava com educação inclusiva. Atualmente, oito crianças com necessidades especiais estão espalhadas pelas 14 turmas formadas desde o berçário ao ensino fundamental I.
O núcleo, que conta com a ajuda de mediadoras e material exclusivo, consegue atender em sala até duas crianças com deficiências.
— Nossa ideia sempre foi incluir a criança, permitindo que ela participe de todas as atividades. Assim que os pais nos procuram, fazemos uma observação para saber em que grupo este aluno será encaixado. Recebi recentemente uma criança com síndrome de Down, de apenas 4 anos. Observamos que ela não teve maturidade para entrar na turma da mesma faixa etária, então a colocamos em um grupo com crianças um pouco mais novas e estamos avaliando incluir uma mediadora, tirando o mínimo de sala de aula. Tem que existir uma adaptação curricular, pois nem todo o conteúdo será compreendido — diz Cláudia Castro, coordenadora pedagógica.
E, se a educação é um direito de todos, Cláudia orienta os pais a procurarem instituições que levem a sério o processo de inclusão e estejam abertas à metodologia.
— Sabemos que as portas se fecham e, às vezes, alguns pais têm que se posicionar legalmente. O problema é que muitas escolas ainda estão se despindo de preconceitos e não contam com infraestrutura para receber uma criança especial. O que a gente aconselha é ver se a instituição está disposta a criar uma atmosfera propícia. Não são os alunos que devem se adaptar e sim as escolas.

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