Folha de S.Paulo, 24/10/2012
BRASÍLIA - O assassinato de Caroline Silva Lee, 15, não apenas traumatizou Higienópolis e entristeceu São Paulo como comprovou que não temos para onde correr.
No meu bairro de Brasília, um assalto cinematográfico, com "cavalo de pau" e homens armados. No meu bairro de São Paulo, uma mocinha morta com um tiro na nuca por causa de uma mochila, um celular, uma modesta máquina fotográfica.
O mundo todo está chocado com a história da blogueira paquistanesa Malala Yousafzai, baleada por fundamentalistas religiosos pelo "crime" de exigir o direito das mulheres à educação. Pois temos que nos indignar com a violência contra tantas Carolines do nosso Brasil afora.
Caroline tinha praticamente a mesma idade de Malala, era igualmente cheia de vida e também foi atingida a tiros na cabeça, vítima tanto de bandidos absurdos e cruéis quanto de Estados negligentes.
O Distrito Federal é governado pelo PT, e São Paulo, pelo PSDB, como o Rio é pelo PMDB, e Pernambuco, pelo PSB, mas todos eles têm a violência fora de controle, cada dia pior. É um problema estadual e nacional.
Segundo o "Correio Braziliense", um carro some a cada 51 minutos na capital da República. Até setembro, foram 7.718 veículos roubados e furtados, com um aumento de 19,1% em relação a 2011. Na modalidade de maior risco, o roubo, foram 3.040, 57,6% mais que no ano passado.
Os bandidos estão mais e mais armados e é inacreditável que os três assassinos de Caroline, um de 19 anos e dois de 18 anos, portassem revólveres com tanta naturalidade. Quem tem arma acaba usando. Principalmente se é jovem, imaturo e com passado de crimes.
Malala é heroína de duas causas, a da educação e a da igualdade de gêneros. Pois que Caroline, órfã de pai coreano, filha de recepcionista, namorada de servente e que sonhava em ser tatuadora, seja a nossa heroína... das causas perdidas.
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