de
BRASÍLIA — No Brasil do pleno emprego, com taxas de desocupação nos menores patamares da história, os empresários estão em uma busca desesperada para preencher seus quadros e driblar o apagão de mão de obra. Dados do IBGE mostram, porém, que há uma parcela enorme da população que está em idade ativa e em plena condição de produzir, embora não procure uma vaga no mercado de trabalho e, portanto, não entre nas estatísticas de desemprego. Um exército de 66,7 milhões de brasileiros, contingente quase igual ao número de habitantes da França ou duas vezes o do Canadá, está na chamada população não economicamente ativa. São pessoas que, mesmo sem trabalhar, não estão em busca de emprego. No Rio de Janeiro, são 6,2 milhões nessa condição. Em São Paulo e em Minas Gerais, são 14,1 milhões e 6,6 milhões, respectivamente.
Do total que não trabalha nem procura emprego no país, 26,3 milhões têm entre 18 e 59 anos de idade. Outros 17 milhões têm 60 anos ou mais, faixa etária que, no contexto de um país que envelhece a passos largos, será cada vez mais valorizada pelas empresas. Esse contingente de não economicamente ativos está na mira não apenas das companhias, que fazem de tudo para formar suas equipes; mas do próprio governo, que quer atrair mais pessoas para o mercado de trabalho e aproveitar o bônus demográfico, quando a maior parte da população está em idade produtiva.
— Dentro desse grupo, existem os desalentados, que desistem de procurar uma vaga. Queremos que todos venham para a PEA (População Economicamente Ativa) para poder produzir — afirma ao GLOBO o secretário interno de Políticas Públicas do Ministério do Trabalho e Emprego, Rodolfo Torelly.
Entre as estratégias, está o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que, em seu primeiro ano de funcionamento, encaminhou 39,1 mil beneficiários do seguro-desemprego para a formação profissional. Além disso, o governo federal, que mantém hoje 48,6 mil creches no país, segundo o Censo da Educação Básica, pretende construir mais de seis mil unidades até 2014.
A maioria dos brasileiros que estão fora do mercado têm baixa escolaridade, uma das principais barreiras a serem superadas, diz a economista Ana Maria Bonomi Barufi, do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco. Se na população ativa 34,98% das pessoas têm entre 11 e 14 anos de estudo, na não ativa o índice cai para 14,92%. Além disso, 64,8% desse grupo são mulheres, que muitas vezes desistem de um ofício para cuidar de filhos.
— Entre as políticas necessárias, estão as que proporcionem condições para que as mulheres ingressem no mercado de trabalho, como a criação de creches para que elas deixem seus filhos — diz Ana.
Michele Figueredo Lima da Silva Cruz, 28 anos, optou por não trabalhar para cuidar dos filhos. Depois de ter a primeira filha, hoje com 13 anos, ela chegou a atuar como secretária em uma ótica. Quando estava na segunda gravidez, no entanto, decidiu ficar em casa. Além de ter de lidar com uma gestação complicada, não tinha com quem deixar as crianças. Com ensino médio completo, Michele disse que, se pudesse deixar as crianças em uma creche, quando mais novas, e hoje em uma escola de tempo integral, seguiria carreira na área de administração.
— Eu até gostaria de trabalhar. Mas me preocupo muito com a violência e não sei em quem confiar para cuidar dos meus filhos — disse.
Recrutador enfrenta falta de interesse
A falta de estrutura oferecida pelo governo também faz com que profissionais fiquem fora do mercado temporariamente. No nono mês de sua segunda gravidez, a pedagoga e professora de educação infantil Nagleyce Virgino Bernardo, de 27 anos, também deixou a sala de aula. Além dos enjoos frequentes, pesou o fato de não ter com quem deixar a filha, a pequena Mel, de 3 anos. No ano que vem, Nagleyce pretende voltar ao batente, mas em uma empresa que oferecerá estrutura para os filhos ficarem perto dela.
— Na área de educação, há muitas escolas com maternal e com educação infantil. Se eu tivesse outra profissão, talvez precisasse esperar as crianças crescerem — observou.
José Eduardo Balian, professor de economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP), acha que outra estratégia deve ser reinserir os mais velhos ao mercado de trabalho, opção que também é admitida pelo secretário interino de Políticas Públicas do MTE.
Maria Aparecida Garcia, diretora de Talentos Humanos da Algar Tecnologia, empresa mineira de teleatendimento, já entendeu essa necessidade. Ela disse que, por mês, abrem 500 vagas na empresa, entre postos novos ou abertos pela rotatividade. Só na unidade de Uberlândia, três recrutadores fazem 30 entrevistas por dia, mas enfrentam falta de interesse das pessoas.
Do total que não trabalha nem procura emprego no país, 26,3 milhões têm entre 18 e 59 anos de idade. Outros 17 milhões têm 60 anos ou mais, faixa etária que, no contexto de um país que envelhece a passos largos, será cada vez mais valorizada pelas empresas. Esse contingente de não economicamente ativos está na mira não apenas das companhias, que fazem de tudo para formar suas equipes; mas do próprio governo, que quer atrair mais pessoas para o mercado de trabalho e aproveitar o bônus demográfico, quando a maior parte da população está em idade produtiva.
— Dentro desse grupo, existem os desalentados, que desistem de procurar uma vaga. Queremos que todos venham para a PEA (População Economicamente Ativa) para poder produzir — afirma ao GLOBO o secretário interno de Políticas Públicas do Ministério do Trabalho e Emprego, Rodolfo Torelly.
Entre as estratégias, está o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que, em seu primeiro ano de funcionamento, encaminhou 39,1 mil beneficiários do seguro-desemprego para a formação profissional. Além disso, o governo federal, que mantém hoje 48,6 mil creches no país, segundo o Censo da Educação Básica, pretende construir mais de seis mil unidades até 2014.
A maioria dos brasileiros que estão fora do mercado têm baixa escolaridade, uma das principais barreiras a serem superadas, diz a economista Ana Maria Bonomi Barufi, do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco. Se na população ativa 34,98% das pessoas têm entre 11 e 14 anos de estudo, na não ativa o índice cai para 14,92%. Além disso, 64,8% desse grupo são mulheres, que muitas vezes desistem de um ofício para cuidar de filhos.
— Entre as políticas necessárias, estão as que proporcionem condições para que as mulheres ingressem no mercado de trabalho, como a criação de creches para que elas deixem seus filhos — diz Ana.
Michele Figueredo Lima da Silva Cruz, 28 anos, optou por não trabalhar para cuidar dos filhos. Depois de ter a primeira filha, hoje com 13 anos, ela chegou a atuar como secretária em uma ótica. Quando estava na segunda gravidez, no entanto, decidiu ficar em casa. Além de ter de lidar com uma gestação complicada, não tinha com quem deixar as crianças. Com ensino médio completo, Michele disse que, se pudesse deixar as crianças em uma creche, quando mais novas, e hoje em uma escola de tempo integral, seguiria carreira na área de administração.
— Eu até gostaria de trabalhar. Mas me preocupo muito com a violência e não sei em quem confiar para cuidar dos meus filhos — disse.
Recrutador enfrenta falta de interesse
A falta de estrutura oferecida pelo governo também faz com que profissionais fiquem fora do mercado temporariamente. No nono mês de sua segunda gravidez, a pedagoga e professora de educação infantil Nagleyce Virgino Bernardo, de 27 anos, também deixou a sala de aula. Além dos enjoos frequentes, pesou o fato de não ter com quem deixar a filha, a pequena Mel, de 3 anos. No ano que vem, Nagleyce pretende voltar ao batente, mas em uma empresa que oferecerá estrutura para os filhos ficarem perto dela.
— Na área de educação, há muitas escolas com maternal e com educação infantil. Se eu tivesse outra profissão, talvez precisasse esperar as crianças crescerem — observou.
José Eduardo Balian, professor de economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP), acha que outra estratégia deve ser reinserir os mais velhos ao mercado de trabalho, opção que também é admitida pelo secretário interino de Políticas Públicas do MTE.
Maria Aparecida Garcia, diretora de Talentos Humanos da Algar Tecnologia, empresa mineira de teleatendimento, já entendeu essa necessidade. Ela disse que, por mês, abrem 500 vagas na empresa, entre postos novos ou abertos pela rotatividade. Só na unidade de Uberlândia, três recrutadores fazem 30 entrevistas por dia, mas enfrentam falta de interesse das pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário