29 de maio de 2010

Educação brasileira exige medidas excepcionais



Para Marco Antonio Raupp, problemas gritantes do sistema de ensino se traduzem em demandas emergenciais que pedem soluções excepcionais

A solução dos problemas mais agudos da educação básica no Brasil, como a formação deficiente no ensino fundamental e a carência de professores, exige medidas urgentes e excepcionais, inclusive do ponto de vista legal. A opinião é do presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, expressa na noite desta quinta-feira, 27, durante sua participação na sessão plenária "Educação de qualidade desde a primeira infância", durante a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que se realiza em Brasília até esta sexta-feira.

Para o presidente da SBPC, o Brasil apresenta um "imenso déficit na educação básica", que contempla os níveis de ensino fundamental e médio, e a solução definitiva dos problemas apresenta "duas ordens de desafios", disse. "Uma, que exige resultados urgentes; outra, que proporcione mudanças estruturais no sistema educacional e que apresente resultados no médio e longo prazo", explicou.

A primeira ordem de desafios se refere aos "problemas gritantes" do sistema de ensino brasileiro, como a formação de analfabetos funcionais (pessoas que não entendem o que lêem) e a carência de professores, especialmente de ciências. Para Raupp, esses problemas se traduzem em "demandas emergenciais que pedem soluções excepcionais". A seu ver, não basta um regime normal para resolver esses problemas. "Serão necessários esforços redobrados, quebra de paradigmas, superação de condições estabelecidas e até mesmo a criação de uma legislação excepcional", aspectos que exigiriam "ousadia e doação" dos governantes, dos profissionais da educação e também dos profissionais de outras áreas que seriam chamados a colaborar, disse.

Para o presidente da SBPC, uma vez resolvidos os problemas mais urgentes, existiriam, então, as condições para se desencadear um conjunto de medidas que proporcionassem "mudanças estruturais, sólidas e duradouras no nosso sistema de ensino", afirmou. Valorização dos cursos de formação de professores, reconhecimento do trabalho docente, aplicação de novas e eficientes metodologias de ensino, e recuperação da importância da escola na vida das comunidades foram itens citados por Raupp para ser contemplados em uma política educacional que "visasse não mais superar vergonhas, mais sim preparar os brasileiros para melhorar o Brasil e para ajudarem a melhorar o mundo".

Inovação e sustentabilidade

Em sua palestra, o presidente da SBPC deu ênfase à necessidade de o Brasil aperfeiçoar seu sistema educacional não apenas para "reparar uma injustiça social" com as populações mais pobres economicamente. Para ele, "o Brasil precisa também preparar seus jovens para que tenham êxito em dois pré-requisitos do mundo atual, a inovação tecnológica e a sustentabilidade, que exigem cidadãos dotados de uma educação formal em níveis qualitativos sem precedentes."

Para que o país supere todos seus obstáculos no campo educacional, Raupp acredita que será necessário um "grande mutirão", com a participação dos governos e da sociedade. Ele disse reconhecer os esforços que vêm sendo feitos pelo poder público, mas observou que "os problemas se avolumam numa escala superior à capacidade até agora mobilizada para resolvê-los".

Para Raupp, "os esforços até agora realizados pelos governos federal, estaduais e municipais não foram satisfatórios para atender às expectativas da população. Há um abismo enorme entre o que precisamos da educação e o que ela nos oferece".

O presidente da SBPC propõe, para que o país saia dessa condição, que a sociedade e o governo pactuem um novo esforço em prol da educação. "Se quisermos associar democracia e modernidade, ou o país como um todo toma a decisão inadiável e necessária de priorizar a educação como tarefa imprescindível, ou perderemos o passo da História", finalizou.

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