O número de doutores titulados no Brasil mais que triplicou entre 1996 e 2008, revelou pesquisa divulgada pela Cade (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e realizada pelo CGEE (Centro de Gestão de Estudos Estratégicos), do Ministério da Ciência e Tecnologia. No período, o crescimento foi de 278% - uma média de 11,9% ao ano.
Nesse período, mais de 87 mil pessoas obtiveram o título de doutor. Até 2008, o Brasil contava com cerca de 132 mil doutores titulados em diversas áreas do conhecimento. O número ainda é pequeno: representa apenas 0,07% da população brasileira total. Comparado com outros países, o Brasil ainda precisa caminhar muito na formação de doutores.
Para se ter uma ideia, o estudo mostra que para alcançar números semelhantes aos dos países desenvolvidos, o Brasil precisa multiplicar por 4,5 ou mais vezes a participação de doutores em sua população. Tomando por base os Estados Unidos, em 2008, o número de doutores titulados no Brasil representava um quinto dos titulados nos Estados Unidos.
Crescimento por área
Apesar de ainda não ter forte representatividade, o aumento do número de doutores titulados é generalizado e foi identificado em todas as áreas. As mais tradicionais, porém, foram as que mais cresceram em 12 anos – ainda considerando o período de 1996 e 2008.
Considerando a média anual de crescimento, de 11,9%, as áreas Multidisciplinar foram as que mais formaram doutores titulados por ano – o crescimento anual médio foi de 59,8%. Outras áreas cresceram acima da média, como a de Linguística, Letras e Artes (15,7%), Sociais Aplicadas (14,8%), Humanas (13,6%) e Agrárias (13,5%). Cresceram abaixo da média anual as áreas Exatas e da Terra (8,1%), Biológicas (10,2%), Engenharias (10,3%) e Saúde (11,8%).
“A tendência geral de crescimento mais acentuado das áreas do conhecimento menos tradicionais e mais lento das áreas de maior tradição na pós-graduação está certamente articulada com a trajetória de diversificação, consolidação e amadurecimento que vem sendo percorrida pela formação de doutores no Brasil, mas é preciso avaliar se a intensidade desse processo está de acordo com as reais necessidades do País”, consideraram os pesquisadores no estudo.
Mercado de trabalho
O estudo ainda mostra que entre os doutores titulados no período de 1996 e 2008, 71,8% estavam empregados. Para os pesquisadores, o número de desempregados, 28,2%, ainda é alto. Eles acreditam que uma das razões para que os doutores demorem para obter emprego está associada ao fato de o setor público absorver parte desses profissionais. Para entrar na área, porém, é preciso realizar concursos públicos – que são processos demorados, com periodicidade irregular. Outro entrave é justamente a formação específica e especializada. Devido a isso, os profissionais demoram para obter um cargo condizente com sua formação.
A pesquisa apontou ainda que é comum os doutores terem mais de um vínculo empregatício. Aqueles titulados entre 1996 e 2006 possuíam em média 1,3 emprego no final de 2008. E o número médio de empregos tende a aumentar quanto mais recente for a titulação. Doutores titulados em 1996, por exemplo, tinham em média 1,2 emprego, ao passo que aqueles titulados em 2006 tinham 1,5 emprego.
Considerando as áreas, os doutores titulados nas grandes áreas das Ciências Sociais Aplicadas e das Ciências Humanas são os que estavam empregados em maior proporção em 2008, 81,6% e 78,4%, respectivamente. Já as áreas de Engenharia, Ciências Biológicas e Ciências Exatas registraram as menores taxas de empregabilidade, 74,1%, 70,2% e 69,4%, na ordem.
Ainda entre os doutores que estavam empregados em 2008, 68,3% trabalhavam na região Sudeste, 14,7% na região Sul, 7,9% na Nordeste e 6,4% trabalhavam na região Centro-Oeste. Apenas 2,7% dos doutores titulados no período analisado estavam na região Norte. “Apesar de haver grande concentração de doutores empregados no Sudeste, essa região ainda é capaz de formar muito mais doutores do que absorve e, por isso, ela tem dado importante contribuição para a formação de doutores que vão trabalhar no resto do Brasil”, afirmaram os pesquisadores no estudo.
Educação é a área que emprega mais
Dentre as atividades econômicas, a Educação é a que mais emprega doutores. Somente no ano de 2008, 76,8% dos doutores que titularam entre 1996 e 2006 estavam empregados nesse setor. De cada dez doutores, oito trabalham em educação. Administração Pública, Defesa e Seguridade Social absorveu em 2008 11,1% dos doutores.
Naquele ano, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul foram os responsáveis pelo emprego de 63,4% dos doutores titulados entre 1996 e 2006.
(UOL)
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