A primeira delas e também a mais simples: há carência de grandes exposições científicas no Brasil. Há muitas feiras e mostras de pequeno porte, despretensiosas, modestas, ainda que relevantes.No entanto, não é todo dia que se realizam exibições de vulto, com recursos tecnológicos avançados, curadoria nacional e internacional, além de farto material fotográfico, tudo isso com entrada gratuita ou a preços subsidiados.
Outra resposta, menos evidente, remete a outro tipo de carência, essa mais complexa.
Trata-se da limitada atividade de extensão nos níveis fundamental e médio do ensino.
Em outras palavras, com exceção dos clássicos passeios ao zoológico municipal e a um ou outro jardim botânico, há poucas oportunidades para ensinar e aprender fora das salas de aula.
Professores e estudantes sentem falta de espaços públicos onde possam obser-var,ouvir e debater fenômenos que, dentro da escola, parecem muito distantes da realidade cotidiana, pois ali lhes faltam recursos modernos como cinema 3D, jogos interativos, painéis eletrônicos, entre outros instrumentos de ensino e aprendizagem que reúnem teoria e experiência, o complexo e o lúdico. Uma universidade digna desse nome concilia ensino, pesquisa e extensão. Por que as etapas anteriores da formação escolar não deveriam seguir esse modelo? Tudo isso é óbvio e simples, mas nem sempre recebe da sociedade a devida atenção.
Governo e empresariado, principalmente, são imprescindíveis para a promoção e o patrocínio de atividades educativas extraclasse. Via de regra, a educação aparece sempre nos discursos e programas como algo exclusivamente vinculado ao espaço físicoda escola,quando, naverdade,o transcende.
O êxito de exposições como Darwin e Einstein em Vitória é nada mais que o resultado de uma visão mais abrangente de educação associada à vontade política. É prova tambémde que a parceria entre a iniciativa privada e o poder público pode funcionar em benefício da maioria. O melhor de tudo, porém, é verificar que a extensão escolar é tanto uma necessidade quanto um desejo de professores e estudantes.
Ben Sangari é físico, presidente da Sangari Brasil e do Instituto Sangari
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