20 de setembro de 2010

Ou educamos ou sofremos com o atraso



"Os professores ideais para alunos de ensino médio têm um perfil muito mais próximo dos de ensino superior"

Ilona Becskeházy é diretora executiva da Fundação Lemann. Artigo publicado na "Folha de SP":

Desde que as primeiras sociedades se organizaram, as gerações mais velhas sempre prepararam as mais jovens para assumir o comando. Dependendo do contexto histórico, adolescentes eram sistematicamente engajados na agricultura, no exército e até na vida religiosa, de forma que a energia mental e física destes seres humanos não fosse desperdiçada.

Hoje, na era do conhecimento, o preparo das novas gerações concentra-se principalmente na educação formal oferecida pelas escolas. No ano de 2010, o Brasil já deveria ter aprendido a lição: ou educamos nossos jovens para o exercício de uma vida produtiva ou enfrentamos o atraso por não fazê-lo.

Os dados recém divulgados pelo IBGE não causam surpresa, mas doem cada vez que são atualizados. Ter 15% dos jovens de 15 a 17 anos fora da escola representa desperdiçar o potencial de 1,5 milhão de brasileiros.

Para piorar, os que frequentam a escola nesta idade não aprendem quase nada: a diferença de proficiência entre alunos da 8ª série e os do 3º ano é mínima. Parte do problema está no alto número de matrículas no período noturno: 38%, o que atrapalha o aprendizado. O resultado é que, na comparação internacional, estamos sempre para trás.

Se o Estado não consegue sozinho corrigir o problema, voltemo-nos para o setor privado. Não para tungar mais impostos, mas para fazer um ProUni do ensino médio, ou seja, colocar os alunos do ensino médio na capacidade já instalada das universidades privadas.

Os professores ideais para alunos de ensino médio têm um perfil muito mais próximo dos de ensino superior. Com essa solução, diminuímos a ociosidade das faculdades e oferecemos ensino de melhor qualidade aos jovens. É um começo para o grande desafio que temos.

(Folha de SP, 18/9)

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